Acidente: juíza destacava origens humildes, diz amiga

“Ela não era uma juíza togada de gabinete. Era diferente. Ia conhecer a realidade das pessoas e não tinha preconceitos”, diz a assistente social Suely Muniz, 58, que trabalhou por uma década ao lado da magistrada Adriana Nolasco da Silva (Foto), que morreu dentro do carro esmagado quando passava sob um viaduto em São Paulo.

Atualmente, Adriana trabalhava em uma vara em Jundiaí (a 58 km de SP). Mas fez boa parte da carreira em Cajamar, cidade de 73 mil habitantes na Grande SP onde ficou conhecida pelas decisões tidas como ousadas e à frente do seu tempo. A mais famosa delas foi a autorização para a celebração por um cartório de um casamento homoafetivo direto, em 2011.

Segundo a amiga, Adriana começou no Judiciário como escrevente. Por isso, costumava dizer que era uma Silva, não ‘um Júnior’, frase que usava para descrever o fato de não ter vindo de uma linhagem de juízes.

A magistrada costumava lembrar a origem para o motorista que a acompanhava diariamente. “Ela é gente que veio de baixo, que já foi vendedora de sapato, trabalhou em lanchonete”, diz Osmar de Carvalho, 53, motorista que dirigia o carro da juíza no momento do acidente.

Adriana foi atingida por pedaços de concreto quando estava no banco do passageiro. O funcionário diz que, com raras exceções, ela não costumava ficar no banco traseiro.

O motorista afirma que, na noite da morte dela, a magistrada foi a um aniversário e depois passou na casa da irmã, no Ipiranga (zona sul). Nas horas seguintes, ele foi o encarregado de dar à mesma parente a notícia de que Adriana se encontrava em estado grave no Hospital das Clínicas, onde morreu. Segundo ele, Adriana deixa uma filha de 27 anos, além da irmã e da mãe. 

Folha de S.Paulo – Artur Rodrigues

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