Deputados cobram ações da CBF para evitar casos de assédio sexual no futebol

Na capital federal, o clima é de cobrança em relação à atuação da CBF para evitar casos de abuso sexual de jovens atletas no País. Integrantes da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados dizem que a entidade não cumpre um pacto firmado após a CPI da Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, em 2014.

Na época, quando o Brasil ainda se preparava para receber a Copa do Mundo e a Olimpíada do Rio, dois anos depois, os deputados sugeriram à confederação ações como a promoção de campanhas de prevenção dos crimes; qualificação de profissionais para atuação preventiva junto às crianças; uso da ouvidoria da CBF para recebimento de denúncias e fiscalização nas escolas de formação de atletas.

Na última audiência pública realizada sobre casos de exploração sexual no futebol, em agosto do ano passado, deputados reconheceram que a CBF apoiou campanhas educativas e promoveu cursos de qualificação para profissionais, mas sem foco específico em abusos sexuais. “A CBF cumpriu parcialmente apenas duas ações das dez previstas no pacto”, afirmou a deputada Érika Kokay. “Não podemos permitir esse desrespeito ao Parlamento e às crianças e adolescentes.”

O tema também foi abordado na CPI de Tráfico de Pessoas, em que os deputados pediram que a entidade desenvolvesse medidas preventivas para inibir a ação de exploradores que agem como falsos olheiros, prometendo sucesso profissional e riqueza na carreira para jovens jogadores. “Muitos jovens são capturados por essa ideia sedutora da fama, do sucesso, da riqueza fácil, do glamour que geralmente ronda a imagem desses jogadores profissionais de sucesso no futebol brasileiro”, afirma o deputado Arnaldo Jordy. “Existe a necessidade da criação de mecanismos para que olheiros e escolinhas de futebol, muitas sem o registro de pessoa jurídica, não atuem de forma irregular.”

O jornal Estadão entrou em contato com a CBF, mas não obteve retorno até o fechamento da edição. A reportagem apurou que a entidade discute internamente a criação de ações preventivas sobre o tema e estuda formas de aproximação com os clubes de futebol do País.

Em entrevista à Rádio Câmara após a audiência pública de agosto de 2017, o secretário-geral da CBF, Walter Feldmann, disse estranhar as queixas dos parlamentares.

“Vejo com estranheza, já que fizemos um extenso relatório apresentado à Comissão de Direitos Humanos e Minorias e acredito, inclusive, que extrapolamos o que foi acordado”, afirmou. Feldmann se colocou à disposição para esclarecimentos à Câmara e citou a criação de programas e campanhas contra o abuso de crianças e adolescentes desenvolvidas junto as clubes e as escolinhas de futebol e disse que a entidade trata o assunto como prioridade. “Estamos dando um tratamento prioritário a esta questão.”

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