Fornecedor de quentinhas de cadeias do Rio preso come refeição da concorrente

Empresário Marco Antônio de Luca, sócio de duas empresas que fornecem alimentos para presídios e escolas do Rio, passou a primeira noite na Penitenciária Bandeira Stampa, no Complexo Penitenciário de Gericinó, após ser preso na quinta (1) indiciado por corrupção. Segundo a Secretaria de Administração Penitenciária, ele “passa bem e se alimentou normalmente”.

Na cadeia onde está, o empresário é servido de refeições feitas por uma concorrente, a Premier Comércio de Alimentos. O cardápio é composto de pão com manteiga e café com leite. No almoço e no jantar, arroz ou macarrão com feijão e uma proteína. No lanche, bolo e suco.

As empresas de Luca firmaram também seis contratos com a Rio 2016 e há a suspeita de que a relação com o ex-governador Sérgio Cabral tenha facilitado os negócios. O MPF vai avaliar se há irregularidades. A Rio 2016 afirma que os 6 contratos foram aprovados pelo conselho diretor e aprovadas por unanimidade.

Desde que Cabral assumiu, em 2007, as duas empresas cresceram 853 vezes em valores acertados com os cofres públicos. Marco Antônio será indiciado por corrupção ativa, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Ligada ao empresário, a Masan Serviços Especializados tinha apenas um contrato com o Governo em 2007, quando Cabral começou seu mandato, num total de R$ 609 mil. Seis anos depois, os contratos chegavam a R$ 520 milhões.

A outra empresa, Milano, tinha contratos de R$ 48 milhões e, ao fim do governo de Cabral, já recebia R$ 223 milhões — cinco vezes o valor original.

O aumento exponencial, diz o MPF, não foi à toa. Ao menos R$ 12,5 milhões em propinas teriam sido pagos ao grupo do ex-governador para abocanhar novos contratos com o poder público.

“As relações espúrias entre ente privado e ente público, capitaneadas pelo ex-governador Sérgio Cabral são veementes indícios de que houve pagamento de vantagem financeira indevida de Marco Antonio de Luca a Sérgio Cabral e membros da organização criminosa para que aquele pudesse obter privilégios ou mesmo exclusividade, nos contratos firmados com o Estado do Rio”, diz o texto.

O que dizem os citados?

Em nota, a assessoria das emrpesas Masan e Milano informaram que Marco Antônio de Luca não faz parte da Masan desde agosto de 2015 e nunca participou do quadro societário da Milano. A nota diz ainda que a Masan trabalha com o governo do estado desde 2005. Ou seja, antes do início da administração de Sérgio Cabral, e que todas as licitações ganhas pela empresa foram pela modalidade de menor preço. A Masan ressalta ainda que nunca foi condenada por qualquer tipo de irregularidade em sua história.

A nota diz ainda que a empresa sofre hoje, como todos os prestadores de serviços, com a inadimplência do governo do estado, que chega à casa de R$ 70 milhões. O passivo, iniciado em 2010, vem sendo cobrado na instância administrativa. E que a empresa sempre se colocou à disposição das autoridades para prestar todos os esclarecimentos necessários sobre suas operações.

O G1 não conseguiu contato com a defesa de Marco Antônio de Luca.

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