Alagoas pegando fogo: Com guerra entre Lira e Renan, campanha tem ataques envolvendo pais de candidatos e acusações de compra de votos

Em meio a uma disputa conflagrada entre o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), e o senador Renan Calheiros (MDB), a eleição ao governo de Alagoas tem assustado até políticos experientes do estado pelo tom bélico da campanha.

No segundo turno entre o atual governador, Paulo Dantas (MDB), aliado dos Calheiros, e o senador Rodrigo Cunha (União), apoiado por Lira, episódios do passado envolvendo os pais de ambos os candidatos foram trazidos para o centro do debate eleitoral, suscitando pedidos de direitos de resposta dos dois lados.

A guerra jurídica envolve ainda uma ação da Polícia Federal que apreendeu R$ 146 mil com o presidente da Assembleia Legislativa, numa apuração por suposta compra de votos que é alvo de críticas de Renan.

Nesta terça-feira, o atual governador e candidato à reeleição foi afastado do cargo por decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), e alvo de uma operação de busca e apreensão da Polícia Federal.

A disputa nacional entre o ex-presidente Lula (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) também acirrou a eleição alagoana, estado do Nordeste com a menor diferença percentual entre os dois presidenciáveis. Lira tem pressionado Cunha nos bastidores para que declare voto em Bolsonaro.

O candidato do União tem evitado se posicionar na disputa nacional. No início da campanha, viralizou nas redes sociais um vídeo, de 1998, em que o então deputado Bolsonaro discursava em defesa do ex-deputado alagoano Talvane Albuquerque, acusado pelo assassinato da deputada Ceci Cunha, de quem era suplente. Albuquerque seria condenado em 2012 pela Justiça Federal de Alagoas por armar uma emboscada para assumir a vaga de Ceci, mãe de Rodrigo Cunha.

O episódio foi explorado na última sexta-feira por Renan, que acusou o adversário de “beijar a mão do criminoso que absolveu o assassino de sua mãe”, em publicação numa rede social. No fim de setembro, Renan já havia acusado Lira de “comprar depoimentos”, referindo-se a um vídeo exibido no horário eleitoral de Cunha em que Luiz Dantas, pai do atual governador, descreve uma suposta participação do filho em um esquema de desvio de recursos na assembleia.

Ex-prefeito de Maceió e adversário histórico de Renan, Rui Palmeira (PSD) avalia que ele e Lira “anteciparam uma disputa que seria daqui a quatro anos”. Reeleito como deputado mais votado de Alagoas, Lira é tido como principal concorrente de Renan pela cadeira do emedebista no Senado em 2026.

— Nunca vi candidato usar pai contra o concorrente. Não me lembro de uma campanha com nível tão baixo — disse Palmeira, que ficou em quarto na corrida ao governo e declarou apoio a Dantas no segundo turno.

‘Coisas erradas’

No vídeo usado pela campanha de Cunha, o pai de Dantas, ex-presidente da Assembleia Legislativa, afirma que o filho Paulo “fazia parte de uma estrutura” que teria nomeado funcionários fantasmas na Casa. O candidato do MDB obteve direito de resposta, sob argumento de não ser alvo do inquérito citado na propaganda, e acusou o adversário de “manipular um vídeo” com o pai, por quem disse ter “carinho”.

Fonte: O Globo

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