Emprego doméstico formal cai no RN e afeta principalmente mulheres negras e pardas

O número de vínculos formais no trabalho doméstico caiu 13,6% entre as mulheres no Rio Grande do Norte entre 2015 e 2024, segundo dados do eSocial Doméstico divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). No total, o estado registrou uma redução de 19.845 para 17.364 vínculos. As mulheres, que representam 87% dos trabalhadores do setor, foram as mais afetadas, sobretudo as negras e pardas, que somam 9.272 vínculos em 2024.
A queda no emprego formal reflete uma tendência nacional — o Brasil perdeu cerca de 300 mil vínculos formais no setor doméstico nos últimos dez anos, com exceção de três estados. Para a professora Luana Myrrha, da UFRN, a redução é impulsionada por fatores como a crise econômica, a substituição de mensalistas por diaristas após a pandemia e a crescente informalidade no setor. Ela também destaca o envelhecimento do perfil das trabalhadoras domésticas, fruto do aumento no acesso à educação das gerações mais jovens.
Além da diminuição dos vínculos, persistem desigualdades salariais e de gênero: em 2024, mulheres do setor doméstico no RN receberam, em média, R$ 1.497, enquanto os homens tiveram salário médio de R$ 1.550. A professora ressalta que essas disparidades têm raízes históricas desde o período pós-abolição e refletem uma divisão sexual do trabalho ainda muito presente nas famílias brasileiras. “As jovens hoje buscam outros caminhos, mas as marcas do passado ainda pesam sobre quem segue nesse tipo de ocupação”, afirma. As informações são da Tribuna do Norte.
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