Filho de Lula vira alvo da CPMI do INSS após suspeita de ligação com esquema bilionário

A CPMI do INSS aumentou a pressão para uma convocação de Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, filho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, após membros do colegiado terem tido acesso ao depoimento de uma testemunha que relaciona o empresário ao esquema bilionário de fraude contra aposentados.

Mas a comissão rejeitou, nesta quinta-feira (4), a convocação de Lulinha, mesmo após relatos que envolvem a suspeita de recebimento de valores mensais, abertura de empresas no exterior e suposta atuação em negócios ligados ao grupo investigado. As revelações foram divulgadas inicialmente pelo portal Poder360. 

Em entrevistas aos jornalistas, o presidente da CPMI do INSS, senador Carlos Viana (Podemos-MG), informou que documentos analisados pela comissão sugerem que o filho do presidente Lula teria recebido, em conjunto com uma publicitária ligada ao partido, cerca de R$ 8 milhões.

Os documentos se baseiam, principalmente, em relatos apresentados por uma testemunha à CPMI. Segundo ela, o total movimentado no esquema pode chegar a aproximadamente R$ 25 milhões e os recursos teriam sido usados para abertura de empresas no exterior, em paraísos fiscais, além de viagens internacionais, com foco na estruturação de um novo negócio voltado à comercialização de canabidiol.

Apesar dos indícios e relatos, ainda não há prova documental direta divulgada sobre o envolvimento de Lulinha na fraude do INSS. “Nós não podemos dizer se isso se confirma em documentos. Por isso, eu coloquei o requerimento de convocação e vou submeter aos parlamentares e cada um votará de acordo com a sua consciência”, disse Viana.

Ainda segundo a testemunha, empresas no exterior teriam sido montadas para disputar contratos no Ministério da Saúde, em processos que teriam sido fraudados, com suposta atuação de lobby atribuído ao filho do presidente. As informações seguem sob apuração da comissão.

A reportagem da Gazeta do Povo tentou contato com Fábio Luís Lula da Silva, que se mudou para a Espanha em julho deste ano, mas não teve sucesso. Também foi solicitado comentário oficial ao ex-advogado e amigo de Lulinha, bem como ao Palácio do Planalto. Até o fechamento desta edição, não houve resposta, mas o espaço segue aberto para atualização.

Em defesa do filho de Lula, o deputado Paulo Pimenta (PT-RS), membro do colegiado, afirmou que “acusações sem provas de um delator sem credibilidade, usadas pela oposição para criar factoides, serão rejeitadas”.

Testemunha é ex-funcionário do Careca do INSS

As novas suspeitas contra Lulinha baseiam-se no depoimento de Edson Claro, ex-funcionário de Antônio Carlos Camilo Antunes — o “Careca do INSS”, preso desde setembro de 2025. A oposição tentou convocá-lo para prestar depoimento à CPMI, mas governistas barraram a aprovação do requerimento.

Segundo documentos obtidos pelo Poder360, Claro disse à Polícia Federal (PF) que Lulinha teria recebido uma “mesada” de cerca de R$ 300 mil. O valor total repassado ao longo do esquema poderia atingir a cifra de R$ 25 milhões.

O ex-funcionário, segundo o portal, indicou ainda que Lulinha e o “Careca do INSS” teriam realizado, juntos, viagens à Europa, incluindo Portugal, e que o filho do presidente pode ter tido participação em uma sociedade com a empresa World Cannabis (razão social: Camilo Comércio e Serviços S/A), com sede em Brasília. A Polícia Federal e a CPMI suspeitam que esta empresa foi utilizada para lavagem de dinheiro proveniente das fraudes do INSS.

Fontes da investigação ouvidas pelo Poder360 indicam que, até o momento, existem indícios – como depoimentos, relatórios financeiros e registros de viagens – mas não há provas definitivas do envolvimento direto de Lulinha nas fraudes.

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