Mercado de energia eólica gerou mais de 10 mil empregos no Estado em 2024

A instalação de usinas eólicas no Rio Grande do Norte gerou 10,6 mil empregos diretos e indiretos no estado em 2024, segundo dados da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico, da Ciência, da Tecnologia e da inovação. Esse mercado, que exige mão de obra altamente qualificada, paga, em média, até três vezes mais que as indústrias de transformação em solo potiguar.

A maior parte das vagas, 6.160, foi para empregos indiretos ou induzidos, enquanto 4.302 foram diretos, distribuídos em fases de construção civil, instalações elétricas, testes e comissionamento. Em nível nacional, um estudo do economista Braúlio Borges, do FGV-IBRE, aponta que a construção de parques eólicos criou 196 mil postos de trabalho no país entre 2011 e 2020.

O Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis (CTGAS-ER), do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) do Rio Grande do Norte, atua na formação de profissionais em diversas especialidades.

A diretora do CTGAS-ER, Amora Vieira, explica que a formação técnica é o primeiro passo para entrar no mercado de energia eólica. Entre as ocupações, estão técnicos em Eletrotécnica, Eletromecânica e Automação e profissionais da área de segurança do trabalho, além de engenheiros de diversas especialidades.

Para aqueles que buscam uma carreira na área, é recomendado também o desenvolvimento de habilidades como inglês técnico, registro em conselhos de classe e mobilidade para atuar em diferentes estados ou países. “Outras formações de aperfeiçoamento e especializações são desejáveis para agregar ao currículo de quem quer ingressar nesse mercado”, diz Vieira.

Um exemplo atual, em parceria com a Vestas, maior fabricante mundial de aerogeradores, ilustra a demanda por profissionais no estado. A empresa instalou um centro de serviços no RN e está, junto ao Senai-RN, formando duas turmas de técnicos em Eletromecânica em Lagoa Nova. Uma das turmas é de Jovens Aprendizes, com idades entre 18 e 24 anos, contratados previamente pela empresa, e a outra é de adultos da comunidade.

Setor exige capacitação, e mulheres buscam espaço

A capacitação profissional é uma forte exigência no mercado de eólicas, começando por cursos técnicos e evoluindo para especializações e graduações. Uma novidade anunciada pelo Senai-RN, em 2026, será o primeiro curso de especialização em Energia Offshore.

Embora o público masculino ainda seja majoritário no setor, representando 88,44% das matrículas em 2024 nos cursos de formação do Senai-RN, as mulheres têm demonstrado crescente interesse em se profissionalizar, afirma Vieira. Ex-alunas da entidade já atuam em parques eólicos e empreendem na área de energia solar.

Além disso, os projetos de formação profissional têm um foco local, respondendo a uma demanda da própria indústria. “A indústria pede que a formação seja feita localmente, próximo às localidades onde elas estão investindo na geração de energia eólica”, explica a diretora. “Isso facilita que a pessoa tenha qualidade de vida e ajude a economia do município, deixando a renda na cidade onde reside e trabalhando perto da família.”

A chegada dos parques eólicos também transforma a economia local. “A pousada está cheia, na padaria tem mais gente comendo, restaurantes estão com mais pessoas frequentando, porque a dinâmica daquela cidade mudou”, relata Vieira. Ela destaca que esse cenário gera outros empregos indiretos.

“Em todos os projetos em que o Senai trabalhou, o olhar foi para atuar localmente, olhando para as necessidades daquela região e olhando para uma formação profissional que potencializasse possibilidades de empregabilidade – seja na fase de construção de um parque eólico ou na sua operação”, diz ela.

De acordo com a diretora, pessoas de diversas idades se interessam pelas formações. Ela lembra que o Senai-RN tem a Faculdade de Energias Renováveis e Tecnologias Industriais, onde, segundo ela, metade dos alunos saiu recentemente do ensino médio e são jovens, e metade tem mais de 30 anos: “Eles querem ingressar em energias renováveis, querem empreender e aprimorar a formação, principalmente aqueles que têm apenas o ensino técnico.”

Salários na área superam a média da indústria

A remuneração no setor de Eletricidade e Gás no RN, que engloba a área de energia eólica, é superior à média de outros setores da indústria. Dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) de 2024 mostram que o valor médio total da área é de R$ 8.222,71, enquanto a média da indústria de transformação foi de R$ 2.368,14. Já a média da indústria extrativista é de R$ 5.569,93.

“A remuneração na indústria de geração de energia, principalmente de energia eólica, é uma remuneração de valor agregado. Uma especialização naturalmente deve potencializar [os salários]”, diz Vieira. Além da remuneração alta em comparação com a indústria local, ela aponta que as energias oferecem uma série de benefícios atrativos, como bons planos de saúde.

Alguns salários médios chegam a R$ 19.984,83 para engenheiro eletricista e R$ 15.814,82 para eletrotécnico. Outras remunerações no setor são: técnico eletricista (R$ 7.252,78), técnico de manutenção elétrica (R$ 10.486,94) e técnico em segurança do trabalho (R$ 8.094,52). Os dados são um recorte dos registros formais de trabalho no Estado.

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