O desafio da palavra: como os autistas se comunicam

O Brasil tem hoje 2,4 milhões de pessoas com diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA), segundo o Censo Demográfico de 2022. Ainda que os avanços no diagnóstico precoce tenham aumentado, o desafio da comunicação entre pessoas autistas e o mundo ao redor continua sendo pouco discutido. A neuropsicóloga Gleyna Leonez destaca que dificuldades verbais e não verbais comprometem o desenvolvimento social e emocional dessas crianças, impactando desde interações básicas até a expressão de sentimentos complexos. “O autista sente, entende, mas nem sempre consegue dizer”, afirma.

Para muitos, a fala não se limita à voz. Mães como Rosimeire Teixeira e Rochele Elias ilustram como a comunicação pode surgir por outras vias: gestos, comportamentos e tecnologias assistivas. Rosimeire conta que seu filho Arthur, de 6 anos, possui uma comunicação insistente e literal, que muitas vezes só é compreendida após interação mais atenta. Já Rochele, mãe de Alberto, hoje com 18 anos, relata como a introdução da comunicação alternativa com figuras e, mais tarde, com tablet, transformou a rotina e a convivência familiar. “Era como se ele tivesse finalmente sido ouvido”, diz.

A comunicação alternativa aumentativa (CAA), os recursos sensoriais e o acolhimento familiar são ferramentas essenciais para promover autonomia e inclusão. Psicólogos e terapeutas apontam a música, a arte e a previsibilidade na rotina como formas eficazes de conexão. A chave está em respeitar o tempo e as formas únicas de cada indivíduo autista se expressar. Como diz Rosimeire: “A fala também vem do coração. E, para escutar, é preciso querer entender, não só ouvir”.

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