Pesquisa revela padrões de comportamento dos apostadores

Levantamento da Paag aponta que jogadores brasileiros mantém ritmo previsível e concentram apostas noturnas; Pix é principal meio de pagamento.

O comportamento dos apostadores brasileiros apresentou estabilidade e amadurecimento entre julho e setembro de 2025, segundo levantamento divulgado pela Paag, empresa de tecnologia e pagamentos que atua no mercado de apostas online. O estudo indica que o setor atingiu um novo patamar de previsibilidade, com engajamento crescente e maior segurança nas operações financeiras.

De acordo com o relatório, 38% do volume total de apostas ocorre no período noturno, entre 18h e 23h, considerado o principal pico diário de movimentação nas plataformas. Já no período

da manhã, das 6h às 11h, as casas registram o maior valor médio por operação, o que reflete um perfil de aposta mais concentrado e de maior ticket médio.

O levantamento também mostra que o início do mês tende a registrar valores mais elevados, enquanto a segunda quinzena concentra o maior número de apostas. Entre os dias 16 e 23, as plataformas atingem o pico de frequência, com queda acentuada nos dias 30 e 31.

Segundo a Paag, 71% das apostas realizadas no trimestre foram de até R$ 50, mas 80% do valor financeiro movimentado veio de operações acima de R$ 100. Isso indica um modelo no qual pequenos valores sustentam o volume de transações, enquanto as apostas médias e altas concentram a receita das operadoras.

O público entre 25 e 49 anos responde por quase 80% das operações no período analisado, sendo que a faixa de 25 a 34 anos apresenta o maior ticket médio. As faixas etárias mais elevadas têm participação menor, mas com apostas unitárias mais altas. Regionalmente, São Paulo mantém a liderança em volume de transações, seguido por Bahia e Sergipe, que apresentaram maior engajamento per capita.

O relatório destaca ainda uma melhoria significativa na qualidade dos cadastros de usuários, com redução das contas classificadas como “desconhecidas” de 9,5% para apenas 0,2%, sinalizando maior confiabilidade dos dados processados.

Os dados da Paag e da consultoria GMattos apontam que o Pix segue como o meio de pagamento predominante no setor de apostas. Estima-se que, entre janeiro e agosto de 2025, o volume total de depósitos nas plataformas ultrapassou R$ 242 bilhões, dos quais 93% retornaram aos apostadores na forma de prêmios.

Mesmo antes da proibição do uso de cartões de crédito e de outros meios de pagamento pós-pagos, medida definida pelo Ministério da Fazenda em abril de 2024, o Pix já representava mais de 95% das transações do setor, devido à instantaneidade e à rastreabilidade das operações.

O impacto da decisão foi, portanto, bastante limitado para os apostadores. Em termos de preferência do público, os números de uma plataforma que aceita apenas Pix no cassino mostra que os mesmos jogos clássicos continuam liderando em popularidade. Títulos como Fortune Tiger, Fortune Rabbit e Gates of Olympus atingem mais de 20% dos jogadores.

A norma que vedou o uso de crédito buscou reduzir o endividamento das famílias e impedir o uso de recursos de origem não identificada em apostas online. Desde então, apenas transferências via Pix, TED, débito ou cartões pré-pagos são aceitas, sempre vinculadas a contas bancárias em nome do próprio apostador.

Segundo o Ministério da Fazenda, o valor efetivo gasto pelos jogadores é de cerca de R$ 2,9 bilhões por mês. Número inferior aos R$ 20 bilhões a R$ 30 bilhões estimados pelo Banco Central, que considera o fluxo total de entrada e saída de recursos nas casas de apostas.

O governo também anunciou que até o fim deste ano as operadoras licenciadas deverão consultar uma base centralizada do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) para impedir apostas de beneficiários de programas sociais, como Bolsa Família e BPC.

As medidas do governo buscam reforçar o jogo responsável e aumentar a transparência nas transações. Ao mesmo tempo, os dados da Paag indicam um amadurecimento no comportamento dos jogadores e uma consolidação do setor sob um ambiente de maior regulação e previsibilidade.

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