Polônia vive crise marcada por escândalo de vistos e endurecimento da política migratória
A Polônia atravessa um momento delicado, pressionada por dois fatores que têm alimentado a insatisfação popular: os escândalos de corrupção ligados ao sistema de vistos e o endurecimento da política migratória.
Nos últimos meses, o país foi exposto internacionalmente pelo chamado caso “cash-for-visas”, no qual funcionários do corpo diplomático teriam recebido propina para liberar vistos e permissões de trabalho a migrantes vindos da Ásia e da África. O episódio resultou na acusação formal de um ex-vice-ministro das Relações Exteriores e deixou marcas profundas na confiança da população nas instituições.
Ao mesmo tempo, o governo do primeiro-ministro Donald Tusk tenta transmitir firmeza com medidas mais duras na área migratória. O novo plano restringe a concessão de vistos estudantis, impõe barreiras adicionais à obtenção de cidadania e adota a retórica de “recuperar o controle” das fronteiras. Entre as ações já implementadas, estão o restabelecimento temporário de controles com Alemanha e Lituânia, na tentativa de conter a entrada de estrangeiros.
As medidas, justificadas como necessárias para reforçar a segurança, têm gerado críticas de organizações de direitos humanos, que alertam para riscos de violações de normas internacionais e práticas discriminatórias contra comunidades vulneráveis.
A combinação de denúncias de corrupção e políticas cada vez mais rígidas contra imigrantes tem mobilizado grupos da sociedade civil. Para os críticos, o governo utiliza a pauta migratória como cortina de fumaça para encobrir falhas e escândalos internos. Embora não haja ainda protestos massivos em todo o país, cresce o sentimento de divisão: de um lado, a promessa oficial de proteger a segurança nacional; de outro, a percepção de um Estado abalado pela corrupção e pelo enfraquecimento da confiança pública.
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