RN tem cinco cidades em rodízio e uma em colapso de água
Há nove anos, a cidade de Ipueira, localizada a 321 km de Natal, vivia um de seus momentos mais graves das últimas décadas com relação à seca. A cidade chegou a ter um “cartão de água”, parecido a um cartão de vacina, que dava direito aos munícipes de receber 40l de água potável por dia. “Vale água e sobrevivência”, escrevia manchete da Tribuna do Norte de setembro de 2013. Na época, nove cidades estavam em colapso de abastecimento. Com a melhora nas chuvas nos últimos anos, principalmente em 2022, apenas uma cidade está em colapso e outras cinco em rodízio no Estado. Com pelo menos três grandes projetos de segurança hídrica em andamento, a perspectiva é melhorar esse cenário ainda mais nos próximos anos.
Segundo informações da Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (Caern), apenas o município de Serra do Mel, no Oeste do Estado, está em colapso de abastecimento. Esse é o grau mais elevado por parte da companhia para caracterizar uma cidade em situação de dificuldade de acesso a água. Outras cinco cidades estão em rodízio de abastecimento. O Ministério do Desenvolvimento Regional reconheceu ontem situação de emergência em Bento Fernandes e Riacho de Santana, por conta da estiagem.
“Estar em colapso é quando a cidade tem sua fonte de abastecimento esgotada. Isso pode ser um poço, um manancial superficial, ou uma soma disso. Dependendo da fonte que leva a água, a gente considera que a cidade está em colapso. Em Serra do Mel, por exemplo, havia poços que apresentaram contaminação, fechamos, e não existe outra fonte de abastecimento”, aponta o diretor de operações e manutenções da Caern, Thiago Índio Brasil.
Ainda de acordo com o gestor, uma cidade é colocada em rodízio, na maioria dos casos, para preservação de mananciais. “Quando temos uma situação de sustentabilidade do manancial, quando se sabe que o próximo inverno vai demorar a chegar e a quantidade de água que tem nele não vai ser suficiente com o funcionamento normal da cidade para chegar até a próxima quadra invernosa. O que a gente faz: diminuímos a captação para manter o sistema funcionando até chegar a próxima recarga hídrica daquele manancial”, comenta Thiago Índio. O gestor explica ainda que uma cidade pode ser colocada em rodízio em razão de manutenções da companhia.
Em Jardim do Seridó, localizada a 242 km de Natal, por exemplo, o rodízio acontece aos finais de semana. O abastecimento de água já preocupa moradores e gestores municipais. Segundo Iago Oliveira, secretário de Agricultura e Meio Ambiente, a cidade recebe águas do açude Gargalheiras (Acari) e do Boqueirão (Parelhas) e a perspectiva é de que só haja água para até o mês de fevereiro.
“Temos uma situação relativamente preocupante devido a esse racionamento de água e o nível de evaporação. Nesse ano tivemos um período chuvoso bem extenso, que deu para que a população da zona rural conseguisse fazer um bom armazenamento de água. Procuramos buscar alternativas para eles, como prestar serviço de máquina para aumentar e fazer níveis de reservatórios, os barreiros, para terem água em grande quantidade. Essa água pode ser usada para o gado e plantações, não é potável”, explica.
A cidade possui dois caminhões pipa, cada um com 12 mil litros de capacidade, para auxiliar a área rural. A demanda é de 10 a 15 abastecimentos por dia para famílias em situação de vulnerabilidade. A perspectiva é também furar 10 poços nos próximos meses para amenizar uma eventual seca.
Em Ipueira, que há nove anos vivia uma de suas secas mais graves da história pelas páginas da TN, a situação melhorou e o “cartão da água” já não existe mais. Segundo o atual secretário de Recursos Hídricos de Ipueira, Mateus Ferreira, há quatro poços na cidade. O açude que abastece a cidade, o Martelo, recebeu boas águas esse ano e não preocupa os moradores.
“Temos um reservatório aqui que as chuvas desse ano nos possibilitam pelo menos dois anos de tranqulidade. O açude encheu pelo menos 70%”, comenta.
As informações são da Tribuna do Norte.
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