A lição que vem da Argentina

Desde a eleição de Maurício Macri, a Argentina vem depurando a sua vida política e econômica dos vícios do esquerdismo bolivariano, representado nas terras hermanas pelo grupo de Cristina Kirchner. Ao assumir o poder em dezembro de 2015, Macri começou a desmontar toda a estrutura carcomida deixada como herança pela ex-presidente, que legou ao país pobreza, corrupção, inflação e populismo, além de um déficit nas contas públicas de 7% do PIB.

Economia fechada, emissão desenfreada de moeda, controle estatal dos preços e falta de transparência com os números da inflação trouxeram a Argentina para os piores níveis sociais, com 30% da população amargando a pobreza. Diante deste cenário aterrador, o novo presidente teve que administrar remédios amargos, pois não se cura uma doença deste tamanho com anestésicos.

REMÉDIO AMARGO QUE CURA

Em pouco tempo de medidas duras e austeras, a Argentina começou a respirar. Corte de subsídios, fim dos congelamentos dos preços represados artificialmente e redução de impostos foram imediatamente adotados pelo governo Macri. Mas ainda é pouco, dado o cenário de destruição deixado pelo kirchnerismo bolivariano, algo muito parecido com o legado do petismo ao Brasil. Por isso existe uma crítica muito procedente quanto às políticas de restruturação adotadas por Maurício Macri, que ainda não fez gestos de mexer em vespeiros como o funcionalismo público, no imenso déficit fiscal que ainda persiste, nos gastos públicos e na dívida do Estado. Em sua defesa, Macri alega o gradualismo, que seria a reforma gradual do detonado aparato estatal e econômico.

PÁGINA VIRADA

Mesmo assim, Maurício Macri foi o grande vencedor das eleições legislativas que ocorreram na Argentina no último domingo. Uma vitória sem precedentes, elevando seu partido, o Cambiemos (Mudemos, em espanhol), à condição de principal força política do país. Macri ganhou em 15 das 23 províncias do país, incluindo Buenos Aires, Córdoba, Mendoza, Santa Fé e o distrito federal da capital. Mesmo tendo garantido uma cadeira no Senado, Cristina Kirchner, aliada histórica de Dilma Rousseff, Lula, Hugo Chávez e Nicolás Maduro, viu seu capital político minguar após um balanço geral das eleições. O bolivarianismo argentino está com os dias contados e em breve será uma página virada.

OUSADIA DE RESULTADOS

A situação da Argentina deve ser observada com muita atenção pelo Brasil, que vive dias dramáticos. A reestruturação do estado brasileiro é medida que se impõe para ontem. Por todo o país vemos estados falidos e totalmente dependentes da União, que em breve também não poderá fazer muita coisa para acudir os pedidos desesperados de governadores e prefeitos. O remédio, claro, terá que ser amargo, de travar a boca. Mas com o tempo ele surtirá efeitos e trará, assim como na Argentina, resultados favoráveis ao país, inclusive no campo político para quem tiver a coragem de enfrentar o desafio, como estamos a presenciar na figura de um vitorioso e aprovado Maurício Macri.

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