‘Agressão covarde’, diz pai de João Alberto Silveira de Freitas homem negro morto por seguranças de supermercado de Porto Alegre

Foto: Reprodução/TV Globo

O pai de João Alberto Silveira de Freitas classifica como uma “agressão covarde” e um “ato de racismo” o assassinato do filho de 40 anos em Porto Alegre. A vítima foi espancada por dois seguranças brancos no supermercado Carrefour na noite de quinta-feira (19).

Os dois assassinos foram presos. João Batista Rodrigues Freitas contou ao G1 que esteve no local do crime logo após as agressões, avisado por familiares que João Alberto havia sofrido as agressões.

No estacionamento do mercado, o pai relata ter perguntado quem havia agredido João Alberto. “Me apontaram. Ele tava na viatura”, relata João, que não sabe identificar com qual dos seguranças falou nem quem apontou o veículo.

“Perguntei pro segurança que foi agredido: ‘foi roubo? Ele mexeu em alguma coisa?’. ‘Não’, ele disse. Só levou o soco. E aí o lugar que ele mostrou que levou o soco não tinha marca de anel. Ele não estava com o olho roxo”, disse João Batista.

“Não sei como começou a confusão, o que está registrado é que muita gente registrou uma agressão covarde onde três pessoas começaram a bater no meu filho até levar à morte. A mulher dele estava junto, tentou tirar o cara que estava enforcando ele com o joelho contra o chão e o outro segurança empurrou”, aponta.

Para o pai, além de “covarde”, a agressão também é uma consequência de preconceito racial. “Eu parto da ideia que não é possível [o filho] sofrer a agressão se não tivesse motivo de uma raiva, uma fúria. Para mim, é um ato de racismo”.

Freitas fazia compras com a esposa quando teria feito um gesto para uma fiscal de caixa. Ela chamou a segurança e ele foi levado para o estacionamento do supermercado, onde começaram as agressões. As imagens da violência foram gravadas e circulam nas redes sociais (veja vídeo aqui).

Crime

Os dois suspeitos, Magno Braz Borges, de 30 anos, e Giovane Gaspar da Silva, de 24 foram presos em flagrante. Os nomes foram confirmados pela Polícia Civil. Giovane, é policial militar e foi levado para um presídio militar. O outro é segurança terceirizado da loja e está em um prédio da Polícia Civil. A investigação trata o crime como homicídio qualificado.

De acordo com a Polícia Federal, um deles não possuía o registro nacional para atuar na profissão, mas não informou, no entanto, qual dos dois.

O outro tinha o documento registrado. Segundo a nota da corporação, a carteira será suspensa. João Alberto foi espancado pelos dois, após um desentendimento. O advogado de ambos William Vacari Freitas, disse que a defesa vai aguardar a conclusão das perícias para se manifestar. Os dois ficaram em silêncio ao deporem para a polícia.

Ambos são funcionários de uma empresa terceirizada, Vector Segurança. A reportagem entrou em contato, e aguarda retorno. A PF ainda confirma que a empresa de segurança responsável pelo supermercado tem cadastro regular e foi fiscalizada em agosto deste ano. Veja mais em G1

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