Ansiedade atinge 69% dos devedores

O percentual de consumidores brasileiros que sofrem de ansiedade por causa de dívidas atrasadas por mais de 90 dias subiu de 60%, em setembro do ano passado, para 69% no mesmo mês deste ano, segundo levantamento do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL).

Para 52%, o principal efeito colateral da inadimplência é ficar facilmente irritado (52%) e, para 49%, ficar mal-humorado. A cada cem inadimplentes, 45 perdem a vontade de sair e socializar.

A inadimplência afeta a vida profissional, já que 25% dos inadimplentes admitiram ficar mais desatentos e menos produtivos, alta de 9 pontos percentuais em relação a 2016.

Para a auxiliar de serviços gerais Shirley Graciano, o reflexo é a insônia, que atinge 44% dos inadimplentes. Ela conta que gosta de pagar tudo em dia e qualquer atraso a faz perder o sono. “O que mais me preocupa é atrasar o aluguel, mas, se tenho qualquer dívida, fico ansiosa e não consigo dormir”, revela.

A rotina também é alterada. Para 35%, a ansiedade aparece na vontade de comer mais, outros acabam desenvolvendo atitudes contrárias, como perda de apetite (35%) e vontade fora do normal de dormir (36%).

Foram constatadas também atitudes agressivas em 18% dos consumidores com dívidas, sendo que 14% apelaram para agressões físicas.

Solução. Tentando sanar as contas no vermelho, 76% dos inadimplentes disseram ter deixado de fazer compras parceladas usando cheques, cartões e carnês. Além disso, 74% fizeram cortes ou ajustes no orçamento e 47% deixaram de comprar itens de primeira necessidade.

Mas nem todos conseguem economizar, já que 45% admitiram que não deixaram de comprar alimentos supérfluos e 36% não deixaram de sair para se divertir. Entre os endividados, 29% não abrem mão de adquirir, de forma parcelada, roupas e calçados, segundo o estudo.

Vício

Escape. Para driblar a ansiedade, muitos recorrem a vícios. Segundo o levantamento, pelo menos 21% dos inadimplentes admitiram descontar os problemas no cigarro, em comida ou no álcool.

Efeitos colaterais

O que sente quem tem dívidas:

Insegurança: 65%

Estresse: 64%

Angústia: 61%

Desânimo: 58%

Culpa: 57%

Baixa autoestima: 56%

Vergonha perante a família e amigos: 51%

Perdem a paciência e se irritam com facilidade com os colegas de trabalho: 21%

Descontam a ansiedade comendo mais: 34%

 

BC e Abecs firmam acordo para fomentar educação financeira

Brasília. O Banco Central (BC) e a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) assinaram na quinta-feira (19) um acordo de cooperação técnica para desenvolver ações nas áreas de educação financeira, proteção aos usuários de produtos e serviços financeiros e inclusão financeira. O acordo terá duração de um ano e prevê ações educativas e pesquisas na área.

“A intenção é aumentar a eficiência do uso do cartão, o que requer informação de qualidade”, afirmou o diretor de relacionamento institucional do BC, Isaac Sidney.

Segundo ele, 21% dos entrevistados pelo BC e pela Abecs afirmaram que a última fatura do cartão de crédito está acima do que podem pagar. “Não basta a bancarização. É necessário que a inclusão financeira se dê com qualidade”, diz Sidney.

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