Anvisa diz que ainda faltam informações para aprovação e importação da Sputnik

Foto: Akhtar Soomro/Reuters

O Diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Alex Campos, que é relator do pedido de importação da vacina Sputnik V, disse nesta sexta-feira (7) que as razões que levaram à não autorização da vacina por parte da agência não se restringem ao suposto risco à segurança em razão do uso de adenovírus replicantes na composição do imunizante. “É um conjunto de questões que não conseguimos superar ainda por falta de informações”, justificou.

A declaração foi dada na sessão da Comissão Temporária que debate a Covid-19 no Senado, em audiência que debateu a rejeição da importação da vacina russa.

De acordo com Alex, a autorização de importação da vacina também não se deu porque um relatório técnico, exigido para que a Anvisa possa avaliar a segurança, eficácia e qualidade da vacina, não foi entregue. “Na medida em que esse relatório técnico não foi apresentado, a Anvisa notificou todos os importadores e tentou obter as informações de outras formas para levar à análise de importação”, explicou.

O diretor disse que pediu dados a mais de 60 países que já aprovaram o uso emergencial da vacina. “Recebemos resposta de 23 países dizendo que ainda não estavam aplicando as vacinas, e outras dezenas de países trouxeram informações de reduzida vacinação (…) São países com uma maturidade regulatória menor, e alguns deles nem tem agência reguladora ainda”, disse.

O governador do Piauí, Wellington Dias (PT), líder do Consórcio Nordeste para a aquisição de vacinas, também participou da audiência e disse que a rejeição da importação da Sputnik V pela Anvisa tornou inviável o plano acordado pelos governadores. “Nós trabalhamos um plano estratégico. E o fato é que o plano furou. E quando um plano fura, ele tem efeitos. No caso do Brasil, uma tragédia.”

Ele disse ainda que a Rússia ficou incomodada e pensou em desistir de vender a vacina ao Brasil. “Eu tive que ir com meus colegas na embaixada da Rússia e pedir para não cancelarem o contrato”, afirmou o governador.

O presidente da União Química – responsável pela produção da vacina russa na América Latina –, Fernando Marques, disse que a farmacêutica não vai desistir de trazer o imunizante para o Brasil, e que há um monopólio no âmbito das vacinas no país. “A vacina [está] na mão de duas companhias, praticamente: Instituto Butantan e Fiocruz. Duas empresas monopolizando o negócio, essa questão da vacina no país. Eu acho que isso é uma coisa que tem que ser revista”, avaliou. POR CNN BRASIL

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