Atentato em boate gay em Orlando é o maior nos EUA desde 11 de Setembro
Um ataque a uma boate de Orlando, o pior na história dos Estado Unidos, deixou 50 mortos e 53 feridos, segundo um novo balanço, divulgado neste domingo pelo prefeito da cidade, Buddy Dyer, em um caso que o FBI investiga como “ato terrorista”.
“É com tristeza que anunciamos que não são 20, e sim 50 mortos, além do atirador”, afirmou Dyer sobre o número de vítimas, quase o dobro do anunciado inicialmente. “Outras 53 pessoas estão internadas.”
“A situação se tornou uma tomada de reféns”, descreveu, mais cedo, o chefe da polícia de Orlando, John Mina, em entrevista coletiva. “Por volta das 5h, foi tomada a decisão de resgatar as pessoas que estavam sendo mantidas no local. Em certo momento, o suspeito retornou à boate, onde houve mais disparos”, assinalou Mina.
O atirador foi identificado como Omar Mateen, um cidadão americano de origem afegã nascido em 1986, segundo parlamentares americanos, citados pelas redes de TV CBS e NBC. A polícia entrou no local usando explosivos e destruindo a parede com um veículo blindado conhecido como BearCat. O suspeito morreu na troca de tiros, segundo um relato policial. Mina informou que cerca de 30 pessoas foram resgatadas durante a operação.

Pior tiroteio em massa da história nos EUA
O FBI considera que o suspeito poderia ter uma “inclinação” pelo terrorismo islâmico, motivo pelo qual o caso é investigado como ato terrorista. O funcionário do alto escalão do FBI Ron Hopper disse que as autoridades não acreditam em uma nova ameaça: “Estamos certos de que não há outra ameaça imediata na área ou no restante do país.”
O presidente Barack Obama foi informado do fato por seu conselheiro de Segurança Interna e Contraterrorismo, anunciou a Casa Branca.
A candidata democrata ao governo americano, Hillary Clinton, reagiu no Twitter com uma mensagem publicada em inglês e espanhol: “Acordei com a notícia devastadora da Flórida (…) Meus pensamentos estão com os atingidos por este ato horrível.”
Pulse: um local emblemático da causa gay nos EUA
Local do massacre da madrugada deste domingo, a boate Pulse, no centro de Orlando, é uma das casas noturnas mais emblemáticas da comunidade LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transexuais) nos Estados Unidos.
“Um mundo de diversão e fantasia, a boate mais quente de Orlando”: assim se apresenta a Pulse em seu site, no qual há várias fotos, um tanto ousadas, de clientes em festa. O lugar é conhecido por seus espetáculos de drag queens.
O estabelecimento foi fundado em 2004, após um drama familiar: sua co-fundadora e co-proprietária, Barbara Poma, proveniente de uma família ítalo-americana, conta no mesmo local em que perdeu seu irmão John em 1991, por causa da aids.
Trata-se, então, para Barbara de homenagear um ente querido que desapareceu prematuramente para, ao longo do tempo, “despertar as consciências” para a luta da comunidade LGBT e a prevenção do vírus HIV.
A Pulse faz parte de uma rede comunitária dinâmica na Flórida, e promove, entre outros, os Jogos Gay, que ocorrerão em Paris em agosto de 2018, uma manifestação esportiva mundial para a qual Orlando foi candidata. O governo do presidente Barack Obama fez da defesa da comunidade LGBT nos Estados Unidos e no mundo uma de suas prioridades.
De fato, os comportamentos e atitudes a respeito da homossexualidade mudaram notavelmente no país, como mostra o reconhecimento legal do casamento gay em todos os estados desde junho de 2015. O ataque de hoje ocorre no mês do Orgulho Gay nos Estados Unidos, período no qual se multiplicam os eventos e celebrações no país.
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