Binha Cardoso diz que forró está desvalorizado no mercado

Longe dos grandes palcos, o cantor Binha Cardoso, aos 47 anos, declara ao Puxa o Fole que caiu no esquecimento do forró, depois do fim do trio com as irmãs Simone e Simaria.

O forrozeiro, que cantava para plateias de 30 a 40 mil pessoas, atualmente, canta para o público de bares e restaurantes. O dinheiro que conseguiu ainda no Forró do Muído foi usado em prol da saúde da mãe, que faleceu em 2013.

Ao lado do filho baterista, de um sanfoneiro e da cantora Ana Santos, o vocalista segue a vida com o grupo Xote Show. De forma dura, ele avalia que está havendo a “prostituição do forró” em Fortaleza.

“Bandas que nem a minha vão se acabar. Não existe mais preço. Um amigo muito famoso foi numa casa, que não vou falar o nome da dona, pediu para cantar. Ela pediu que ele levasse o som, a iluminação e ele tocaria por quatro horas em troca de R$ 450 reais. Pelo amor de Deus! Ele está se prostituído. Ele conseguiria o mesmo valor botando uma banca na esquina de qualquer rua”, avalia Binha Cardoso.

Fora dos holofotes da grande mídia, Binha se diz sozinho, sem empresários, mas dono de si. “Eu estou um pouco esquecido pela mídia. Hoje eu vivo do meu nome, mas estou recomeçando. Eu tenho que pegar uma empresa, um empresário ou um sócio investidor para que a gente chegue onde eu já alcancei. Então, eu estou só”.

Apoiado em Deus e da mídia das redes sociais, o forrozeiro conta que as apresentações que ele realiza atualmente se concentram em Fortaleza. “Tem noite que eu toco em quatro shows, mas casa de show em Fortaleza acabou. Agora é boteco e barzinho. Vou pelo interior do Ceará fazer aqui e acolá uma festinha legal, mas fora do Estado não estou tocando”, revela o cantor.

SAUDADE

Viagens, luxo e o carinho dos fãs. No começo dos anos 2000, o sucesso deu tudo a Binha por meio do trabalho no Forró do Muído. De tudo o que restou foi a saudade.

“Eu amo viajar. Eu conheço mais de 20 estados do Brasil. Não é conhecer de só chegar lá não. É de praticamente morar. A gente vivia no Norte todo. Rodamos São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Eu vejo muita gente que era forrozeiro e hoje fala mal do forró. Coitado de mim e da minha família se não fosse o forró”, avalia o vocalista.

Incisivo, Binha critica o mercado e diz que existe uma má gestão de empresários do gênero. “O forró hoje está em mãos erradas. O problema é só esse”. Para ele, os produtores estão visando o lucro. Agora, por meio do sertanejo.

Sobre a entrada do ritmo goiano no Ceará, Binha diz apoiar, mas que o gênero é cercado por regras. “Eu acho bonito esse ritmo que entrou aqui, mas tem as políticas próprias lá de Goiânia. Ninguém vê uma banda de forró entrar lá. Aviões e Safadão entraram porque já estão bem sertanejo, mas um forrozeiro que nem eu não entra”, diz.

Por onde se apresenta em Fortaleza, o cantor leva o som de Dominguinhos e Luiz Gonzaga, mas por pedidos do público canta o gênero goiano. “A metade do meu show é sertanejo. Se eu não tocar quando eu terminar o dono da casa vem me reclamar porque eu não toquei. O forró está esquecido. Aqui pertinho de nós, no Rio Grande do Norte, o forró está com força, mas aqui no Ceará não”.

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