Bolsonaro afirma que em alguns locais da Amazônia indígenas trocam ‘tora” de madeira por cerveja”
Foto: Facebook/ reprodução
O presidente Jair Bolsonaro afirmou, na noite desta quinta-feira (19/11), que, em alguns locais da Amazônia, indígenas trocam ‘tora” de madeira por coca-cola e cerveja. A declaração foi feita em live no Palácio do Planalto, ao lado do delegado Alexandre Saraiva, superintendente da Polícia Federal no Amazonas.
“A Amazônia é uma imensidão, é maior que Europa Ocidental toda junta, então não é fácil você tomar conta de tudo aquilo. Agora as críticas são potencializadas. Existe o desmatamento ilegal? Existe. Eu acho que existe até, (Alexandre) Saraiva, em alguns locais, onde o índio por exemplo troca uma tora com uma Coca-Cola ou com uma cerveja. É possível? Acontece isso ou é próximo disso?”, questionou Bolsonaro.
“Já aconteceu da madeira em terra indígena ser negociada por valores pífios, na terra indígena e por indígenas. Existe isso”, rebateu Saraiva. “Mas a grande causa do desmatamento é a fraude nos processos administrativos que foram gerados lá atrás. O desmatamento de hoje vem de processos administrativos que autorizaram que vêm lá de 2010. Então não temos desmatamento atrelado a processos recentes, mas a antigos. Mas o ano recorde foi 2018, e 2017 também foi muito forte”, ressaltou o delegado.
Na live, Bolsonaro prometeu anunciar a lista de países que compram madeira ilegal, mas baixou o tom, afirmando que “não acusaria nenhum país de cometer crime ou ser conivente de um crime, mas empresas que poderiam estar nos ajudando a combater esse ilícito”.
O mandatário também atacou a Inglaterra, afirmando que a Cúpula das Nações Unidas sobre mudanças climáticas que ocorrerá no ano que vem no local, tem como objetivo atacar o Brasil.
“Tem um projeto no Reino Unido que torna ilegal o uso de commodities por parte de empresas que importem esse material de países que realizam o desmatamento. Então é um grande jogo que existe entre alguns países do mundo, em especial para nos atingir, porque nós somos realmente uma potência no agronegócio, nos commodities que vêm do campos. E eles querem exatamente é diminuir a concorrência nossa, com toda a certeza facilitando outros comércios ou até mesmo o comércio interno desses commodities. Mas não podemos esquecer que no ano que vem, em 21, na Inglaterra será realizada a Cúpula das Nações Unidas sobre mudanças climáticas. Será em novembro do ano que vem. Então é um cartão de visitas que a Inglaterra está apresentando, e isso vai ser feito política em cima disso, com o objetivo, em grande parte, de atingir o Brasil, porque o Brasil é o país que mais sofre com isso”, declarou.
Mais cedo, o vice-presidente Hamilton Mourão disse que a fala de Bolsonaro tratava-se de uma lista de empresas, apesar do chefe do Executivo se referir a “países” ao falar sobre os nomes. Mourão defendeu ainda que a fala do presidente não deve criar uma crise diplomática.
“Não é país, são empresas. O presidente já deixou claro que são as empresas, está muito claro isso aí. Isso é uma questão de empresas, é uma questão de cooperação internacional isso aí”, afirmou a jornalistas no Palácio do Planalto.
Na última terça-feira (17/11), durante reunião do Brics, Bolsonaro anunciou que divulgaria os países que compram madeira ilegal proveniente da Amazônia. Ontem, disse que falaria sobre o assunto na live desta quinta-feira. “Revelaremos nos próximos dias o nome dos países que importam essa madeira ilegal nossa através da imensidão qué a região amazônica, porque daí, sim, estaremos mostrando que estes países, alguns deles que muito nos criticam, em parte têm responsabilidade nessa questão”, disse.
De acordo com o presidente, o sistema desenvolvido pela Polícia Federal é capaz de rastrear o DNA das madeiras apreendidas. “Essa lista vai revelar os países que têm importado madeira de forma ilegal da Amazônia. Muitos desses países são os mais severos críticos no tocante ao meu governo. Com essa lista essa prática vai diminuir e muito”, defendeu na data.
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