Bolsonaro diz que Doria é ‘lunático’ e faz ‘política’ com coronavírus

O presidente Jair Bolsonaro chamou de “lunático” o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que mais cedo decretou quarentena a partir de terça-feira, 24, para conter o avanço do novo coronavírus. Questionado sobre a decisão de Doria em entrevista à CNN Brasil neste sábado, 21, Bolsonaro afirmou:

“Para falar a verdade, porque não vou fugir dessa minha característica, é um lunático. Está fazendo política em cima deste caso. Ora é um governador que nega ter usado o meu nome para se eleger governador, então eu lamento essa posição política dele. Ele está aproveitando desse momento para querer crescer politicamente”, disse o presidente. “O assunto, no meu entender, tem de ser voltado exclusivamente para esse problema que temos pela frente que é o coronavírus.” Ao anunciar a quarentena, Doria criticou a atuação de Bolsonaro no enfrentamento do coronavírus.

O presidente, na entrevista, voltou a confrontar ações dos governadores. “Medidas que esse governador (Doria) tem tomado, como outros, do Rio de Janeiro, Bahia, Piauí, o próprio DF, são questões no meu entender que extrapolam. É uma dose de remédio excessivo. E remédio em excesso torna-se um veneno. Você pode vê, o Rio de Janeiro, por exemplo, proibindo pouso de aviões em nossos aeroportos. Olha os aeroportos estão sendo usados ainda para trazer gente de fora do Brasil para cá. Você precisa trazer insumos para cá, muitos por aviões. Precisa continuar atendendo quem precisa de um transplante de órgãos, que não pode vir pelo meio rodoviário ou ferroviário. Então eles estão fazendo um clima de terror junto à população desses Estados.”

Bolsonaro afirmou ainda que as “eleições de 2022” ainda estão longe. É uma referência a Doria e também o governador do Rio, Wilson Witzel (PSC) – ambos, que foram eleitos em 2018 se apoiando no bolsonarismo, são potenciais candidatos à Presidência da República.

“Esses governadores, poucos, que me criticam o tempo todo, dizem que não tenho liderança. Digo a esses governadores: as eleições de 2022 estão muito longe ainda para vocês partirem para esse tipo de ataque, para esse tipo de comportamento de desgaste infundado em cima do chefe do Executivo federal”, afirmou Bolsonaro.

O presidente disse ainda que é preciso ter “um limite” para o teto de gastos e que, uma vez aprovado o estado de calamidade pública, o governo terá recursos para investir no combate a doença. O pedido, feito pelo governo, foi aprovado por deputados e senadores. Com isso, o governo não será mais obrigado a cumprir a meta de resultado primário para o ano, ou seja, a de um déficit de R$ 124,1 bilhões.

“O que nós fizemos foi o estado de calamidade (pública), o parlamento já aprovou, estamos autorizados a gastar além do teto tudo que for necessário para combatermos o coronavírus. Acredito que é irresponsabilidade furar o teto, precisamos ter um limite”, afirmou. “Aprovado o estado de calamidade, tem recurso para ganhar para questões voltadas exclusivamente ao combate ao vírus. Não temos problemas em atender inclusive ligações diretas com prefeitos.”

Estadão Conteúdo

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