Brasil planeja doar ao Haiti 1 milhão de testes para Covid-19 que estão guardados em galpões do Ministério da Saúde

Foto:  Pedro Vilela/Agencia i7

O Ministério da Saúde está negociando a doação de testes de Covid para o Haiti. Em 2020, a Anvisa prorrogou a validade desses exames – que estão em um armazém. O Ministério da Saúde confirmou que está conversando com o governo do Haiti. A informação foi revelada na edição desta segunda-feira (8) do jornal “O Estado de S.Paulo”. Não será que primeira vez que o Brasil envia testes de Covid para outros países. O Peru já recebeu 50 mil unidades; o Paraguai, mais de 80 mil; e o próprio Haiti já recebeu 4.800, segundo o Ministério da Saúde. Desta vez, a remessa seria de 1 milhão.

Os testes que podem ser doados para o Haiti estão guardados em galpões do Ministério da Saúde em Guarulhos, na Grande São Paulo, e fazem parte de um total de mais de 7 milhões que começariam a vencer em dezembro de 2020. Mas a Anvisa aprovou a extensão dos prazos de validade. Hoje, quase 5 milhões de testes continuam no estoque e as novas datas de validade começam a vencer em abril.

O Ministério da Saúde já fez outras tentativas de doar esses testes. No início de janeiro, ofereceu para as Santas Casas. A notícia foi recebida com alívio pelos hospitais filantrópicos, mas quando eles descobriram que tipo dos testes eram, perceberam que poucos hospitais podem usá-los, porque eles são muito complexos.

Dos 1.259 hospitais filantrópicos do país, só 26 aceitaram receber os testes. A Confederação das Santas Casas diz que respondeu ao Ministério da Saúde no dia 1º de fevereiro, aceitando receber 53.985 testes.

“Não foi um número maior, porque esses exames têm que ser compatíveis ao laboratório das entidades; e nossas entidades têm uma boa parte das cidades que são cidades médias e pequenas que não tinham, certo, o laboratório e não eram compatíveis, então não adiantava nós termos esses exames”, justifica Mirocles Véras, presidente da Confederação das Santas Casas.

Do dia primeiro até hoje, o ministério ainda não deu nenhuma resposta aos hospitais filantrópicos, nem informou se, junto com os testes, vai enviar os insumos que faltam, material para a coleta e reagentes. O sanitarista Gonzalo Vecina, que já dirigiu a Anvisa, diz que os testes estocados nunca foram usados porque houve um erro de planejamento.

“Eles foram comprados de forma equivocada, errada, eu não diria que foi criminosa a compra, mas, naquele momento, havia uma ignorância que é o tempo. Ao longo do tempo, foi se aprendendo como é que funcionam esses testes e o tipo de equipamento mais adequado para realizá-los”, diz o médico sanitarista.

O Ministério da Saúde informou que foi o governo haitiano que fez uma solicitação oficial e que, antes de enviar o novo carregamento, o Haiti precisa confirmar se tem uma estrutura laboratorial e equipamentos, kits de extração e de coleta e se poderá usar tudo até maio.

No Brasil, foram distribuídos, até agora, pouco mais de 14 milhões desses testes para a rede pública de saúde. A infectologista Raquel Stucchi afirma que o controle da pandemia depende de uma ampla quantidade de testes aplicados na população e que o Brasil testou pouco.

“Todos os testes que estão no Ministério da Saúde deveriam ser distribuídos para todas as unidades, para serem realizados aqui. Não estamos em uma situação confortável, de que temos material sobrando porque a nossa demanda já foi atendida e podemos ajudar o outro”, afirma Raquel Stucchi.

O Ministério da Saúde declarou que está avaliando o pedido das Santas Casas.

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