Carta aberta à “Reitoria da UFRN” contra à criminalização das lutas

Por João Vitor Curió e Modesto Neto*

“Quem nega a agitação, nega as leis da natureza, a dialética, a ciência, a justiça, a verdade, a si próprio. O crime não está em agitar, mas em permanecer imóvel” – [Francisco Julião].

Toda comunidade acadêmica que faz a UFRN no seu cotidiano precisa saber que através da Portaria nº 496/15-R, de 19 de março de 2015, do Gabinete da Reitoria da UFRN, instituiu-se uma Comissão de Processo Administrativo Disciplinar com o intuito claro de intimar e intimidar estudantes, julgar atos políticos e condenar a liberdade de contestação que se faz aos aspectos excludentes do projeto de universidade que vivemos. Neste final do semestre as oitivas da comissão continuam sendo realizadas, embora a ausência de agitação e o silêncio do DCE não coloquem a questão em evidência.

Os estudantes que estão sendo ouvidos pela Comissão de Inquisição da Reitoria estão respondendo pela invasão e breve ocupação do Restaurante Universitário (RU). Nestes termos é importante pontilhar que além das grandes filas, do tempo gasto e da duvidosa qualidade da comida, temos um RU que é um dos mais caros do Brasil. Assim, indagamos: como não contestar as catracas prisionais que separam o estudante pobre de sua refeição?

O número de estudantes que necessitam permanecer durante dois turnos na universidade e não podem pagar R$3 por um almoço é altíssimo, mas a política de Assistência Estudantil, além de insuficiente, fracassa em absoluto por não assegurar a permanência dos estudantes de camadas populares na universidade, que ao todo soma um contingente de mais de 37 mil estudantes. Quantos desses podem pagar suas refeições? Acreditamos que em uma sociedade profundamente desigual, não tantos. Contestar essa dinâmica excludente é antes de tuto uma obrigação para aqueles que defendem uma universidade pública, gratuita, aberta, popular e emancipadora.

A história da universidade é também a história do movimento estudantil e suas ocupações, que não são uma novidade. Na Universidade Nacional de Córdoba na Argentina, houve a primeira ocupação da América Latina em 1918, abrindo um paradigma da universidade pública, laica e democrática, co-gerida por estudantes e professores. Neste período de crise do capitalismo e cortes do Governo, as ocupações se repetirão junto com as greves que já foram deflagradas e florescerão.

obrigação para aqueles que defendem uma universidade pública, gratuita, aberta, popular e emancipadora.

A história da universidade é também a história do movimento estudantil e suas ocupações, que não são uma novidade. Na Universidade Nacional de Córdoba na Argentina, houve a primeira ocupação da América Latina em 1918, abrindo um paradigma da universidade pública, laica e democrática, co-gerida por estudantes e professores. Neste período de crise do capitalismo e cortes do Governo, as ocupações se repetirão junto com as greves que já foram deflagradas e florescerão.

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