Com salário de R$ 8 mil, sargento da PM preso por agiotagem ostentava carros de luxo e mansões

O sargento da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) Ronie Peter Fernandes da Silva, preso nesta terça-feira por suspeita de chefiar uma organização criminosa envolvida com agiotagem, ostentava em suas redes sua vida em mansões, carros de luxo e viagens internacionais em locais paradisíacos. O servidor, no entanto, tinha um salário líquido de pouco mais de R$ 8 mil por mês, conforme os contracheques mais recentes divulgados no portal da transparência da corporação.

Em suas redes, onde também se apresentava como empresário, o sargento exibia sua coleção de Porsches, um jet-ski, além de uma série de passeios de lancha e avião. Seu perfil lista viagens em mais de 20 países, entre eles destinos como Ilhas Maldivas, Dubai e Fernando de Noronha. Ele também expunha idas a lojas de grife e roupas de marca.

Um dos vídeos compartilhados por Ronie mostra sua mansão de dois andares que conta com piscina, churrasqueira, garagem com carros importados e jet-ski, além ambientes revestidos de pedras de luxo.

O sargento e mais seis pessoas foram detidas nesta terça-feira no âmbito da Operação S.O.S Malibu, que cumpriu 15 mandados judiciais em Vicente Pires, Taguatinga e São Paulo. A operação foi deflagrada pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), por meio da Divisão de Repressão a Roubos e Furtos (DRF).

Segundo as investigações, Ronie é apontado como líder da organização criminosa que praticava agiotagem, extorsão e lavagem de dinheiro. O grupo era voltado ao empréstimo de dinheiro a juros abusivos e cobrava os valores mediante ameaças. Durante as cobranças, o bando tomava veículos e exigia a transferência de imóveis dos endividados, de acordo com as apurações.

A investigação revela que os valores da agiotagem eram ocultados por meio da aquisição de veículos de luxo, registrados em nome de terceiros, bem como por meio de quatro empresas de fachada, sediadas em Águas Claras e Vicente Pires.

Somente nos últimos seis meses, o grupo criminoso movimentou mais de R$ 8 milhões. Também adquiriu oito veículos da marca Porsche, cada um com valor aproximado de R$ 1 milhão nos últimos dois anos.

Três Porsches e uma BMW/X4, avaliados em R$ 3 milhões, foram apreendidos durante a operação de hoje. Também foram bloqueadas sete contas bancárias, de pessoas físicas e jurídicas. Os mandados de prisão, busca domiciliar e apreensão e sequestro foram expedidos pelo juiz da Vara Criminal de Águas Claras.

Na operação, foram presos cinco operadores financeiros do grupo, responsáveis pelas transações e saques em contas de empresas de fachada, com intuito de conferir aparência lícita aos valores oriundos da agiotagem. Três deles também eram responsáveis pela ocultação dos valores da agiotagem, pois cediam os nomes para o registro dos veículos de alto luxo, cujo verdadeiro dono era o sargento.

Entre os detidos, está o irmão do policial, o empresário Tiago Fernandes da Silva. Ele também é apontado como um dos chefes da organização criminosa, cuja estrutura era hierarquizada e baseada na divisão de tarefas, conforme as investigações.

Até esta publicação, a reportagem não conseguiu localizar a defesa dos citados. O espaço segue aberto a manifestação.

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