Comentário de jornalista da Globo expõe temor no mercado e no governo: candidatura de Flávio Bolsonaro pode impedir vitória de Lula no 1º turno
A pré-candidatura do senador Flávio Bolsonaro (PL) à Presidência, anunciada na última sexta-feira (5), provocou um forte abalo no cenário político e econômico, segundo análise de uma jornalista da Globo. Para ela, o movimento do filho do ex-presidente Jair Bolsonaro acendeu um alerta tanto no Centrão quanto no mercado financeiro — especialmente entre nomes influentes da chamada Faria Lima — por dificultar os planos do governo Lula de garantir uma vitória ainda no primeiro turno.
De acordo com a jornalista, a reação foi imediata: “Líderes do Centrão e presidentes de partidos receberam muitos telefonemas do mundo econômico, e não era dúvida, era revolta. A avaliação é de que Flávio quebrou uma construção política em andamento para lançar um nome forte e competitivo para o segundo turno.”
A análise se apoia em números recentes das pesquisas. A Quest aponta que a pulverização da direita reduz as chances de Lula vencer no primeiro turno. Já o Datafolha mostra que o presidente tem 44% de rejeição, índice que dificulta uma vitória antecipada. “É muito improvável Lula vencer no primeiro turno hoje; porém, a dispersão de candidaturas da direita garante quase automaticamente uma disputa no segundo turno”, afirmou.
O temor revelado pela jornalista é que Flávio Bolsonaro, devido ao peso do sobrenome, já largaria com cerca de 13% das intenções de voto, segundo análises citadas por ela — o suficiente para consolidá-lo no segundo turno, mas não para vencer Lula. Para parte do mercado e articuladores políticos, isso seria entregar ao atual presidente “uma vitória numa bandeja”.
Ela afirma que a estratégia em construção era lançar um candidato competitivo, capaz de furar a polarização tradicional. “E Flávio desmancha isso. Sua entrada desarticula a busca por um nome alternativo, inclusive dentro da própria direita e do mercado.”
A jornalista conclui dizendo que o episódio expõe outra preocupação: a imprevisibilidade de Jair Bolsonaro nas articulações. “Flávio ajudou a desmanchar sua própria candidatura, mas evidencia que Bolsonaro não é confiável na construção de um projeto mais amplo.”
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