Racha na milícia que já foi de Ecko leva guerra à Zona Oeste do Rio; pelo menos três pessoas foram mortas

Foto: Reprodução

Um racha na maior milícia do estado levou a uma manhã de terror em diferentes pontos da Zona Oeste do Rio nesta quinta-feira (16). Pelo menos três pessoas foram mortas, vans foram incendiadas (veja no vídeo acima), e moradores relataram intenso tiroteio.

A Estrada de Campinho chegou a fechar. O BRT Rio informou às 14h15 que as linhas do corredor Transoeste BRT LECD 33 (Campo Grande x Santa Cruz) e 14 (Campo Grande x Salvador Allende), que circulam na Avenida Cesário de Melo, foram suspensas temporariamente devido aos incidentes na região.

Viações retiraram ônibus de circulação ou alteraram rotas em Santa Cruz, Paciência, Sepetiba, Campinho e Campo Grande, para preservar a vida de motoristas e passageiros. Vans deixaram de rodar na região. Segundo a Polícia Militar, o policiamento na região de Campo Grande e Santa Cruz foi reforçado com equipes dos batalhões de Rocha Miranda, Campo Grande, Bangu, Santa Cruz, Recreio dos Bandeirantes, e Irajá.

De acordo com a polícia, a área vem sofrendo reflexos de disputas territoriais entre facções criminosas. O reforço tem como objetivo garantir o retorno do transporte público com segurança na região.

A TV Globo apurou que o grupo paramilitar que já foi de Wellington da Silva Braga, o Ecko, morto em uma ação da polícia em junho, se dividiu em facções rivais e opôs os antigos aliados Danilo Dias Lima, o Tandera, e Luis Antônio da Silva Braga, o Zinho — este, irmão de Ecko.

Ecko já tinha rompido com Tandera no fim de 2020, por desentendimentos.

As quadrilhas dos paramilitares de Ecko, Tandera e Zinho extorquem dinheiro de moradores e comerciantes, a fim de oferecer uma pretensa segurança, e exploram diversas atividades — como o sinal clandestino de internet e TV, o monopólio da venda de água e de gás e o transporte por vans.

Execução como estopim

O ataque desta quinta teria partido de Tandera, que domina áreas da Baixada Fluminense, como Seropédica e partes de Nova Iguaçu. O estopim para o confronto foi a execução, na tarde desta quarta (15), de duas pessoas na Estrada de Madureira, na altura do bairro Dom Bosco, um dos redutos de Tandera em Nova Iguaçu.

Em represália, Tandera ordenou que se incendiassem veículos na área de Zinho. Os milicianos atearam fogo a pelo menos sete vans nos pontos da Praça da Alegria, em Campo Grande, na Rua Agai, em Paciência, e na Avenida João XXIII, em Santa Cruz. Na invasão, uma terceira pessoa foi morta.

Porta-voz da PM, o major Ivan Blaz afirmou que desviou para Campo Grande e Santa Cruz todo o efetivo então mobilizado para uma operação na Vila Kennedy. “Nossa missão é prioritariamente estabilizar a área. Assim que a Polícia Militar tomou ciência dos primeiros ataques às vans, nós desviamos todo o nosso efetivo que estava empenhado em uma operação na Vila Kennedy”, detalhou Blaz.

“Nossa missão é acabar com esta luta entre quadrilhas de milicianos. Somos o Estado, somos a sociedade, não podemos nos render a esta situação”, destacou. Blaz citou ainda “números extremamente positivos”. “São mais de mil milicianos presos, mais de R$ 2 bilhões em prejuízo a estas quadrilhas. O que precisa ser feito está sendo feito e continuaremos, não vamos nos render”.

O reforço do policiamento na Zona Oeste nesta quinta (16) tem apoio também de comboios do Batalhão de Rondas Especiais e Controle de Multidões (RECOM) e de aeronaves do Grupamento Aeromóvel (GAM).

Unidades subordinadas ao Comando de Operações Especiais (COE) operam, nesta quinta, na Comunidade da Vila Aliança, que sofre influência de facção criminosa parceira das milícias. Veja mais em G1

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