Considerado o ‘novo rei do brega’, cantor já tem “127 mil” seguidores no Facebook

Quando criança, Rodrigo José, ou Rodrigo Emke, 41 anos (o “José”, homenagem ao santo, consta apenas de sua certidão de batismo), descobriu a coleção de LPs da mãe no porão de sua casa em Americana, interior de São Paulo. Considerado o “novo rei do brega” e fenômeno crescente da web (mais de 127.654 mil curtidas no Facebook), Rodrigo conheceu aí os trabalhos de astros como Odair José, Evaldo Braga, Fernando Mendes.

“Achei uma vitrola empoeirada, daquelas que eram um móvel. E tinha uns LPs. O primeiro que peguei foi o de Evaldo Braga, com ‘Sorria, Sorria’. Aquilo me marcou muito. Só depois soube que consideravam esses artistas como cafonas”, conta ele, que faz sucesso com o clipe de ‘Desapareça’, sucesso imortalizado por Ronaldo Adriano nos anos 1970 e já lançou o segundo CD oficial, ‘Volume 2’, com seu repertório misturando clássicos do som popular e autorais. Rodrigo também lançou a gíria “chic 10”, que para ele é um estilo de vida (veja boxe ao lado).

“No interior, tem umas gírias de ‘vô’ (antigas) que só a gente fala. O ‘chic 10’ também tá nisso. Mostrei meu trabalho para um amigo, e ele falou: ‘Tá chic 10’. Adotei como nome da minha banda”, diz.

O vídeo de ‘Desapareça’ é uma louvação à vida simples do interior: Rodrigo interpreta um rapaz que é abandonado pela mulher e, em vez de ficar triste, pega a bicicleta (um modelo motorizado, feito pelo próprio Rodrigo, que é engenheiro) e vai comemorar a liberdade com os amigos no bar. No clipe, feito na camaradagem por um amigo, ele bebe com sua banda e participa de partidas de “jogos idosos” como truco e bocha, sempre usando botas (por acaso, ele tem 1m96 e calça 46) e roupas extravagantes, que ele mesmo manda fazer. “Americana é a cidade do tecido. Eu compro os tecidos das blusas e encomendo com as costureiras da cidade”, conta.

Os metais e as guitarras de ‘Desapareça’ vieram de um mix de várias influências, além do brega. “Ouvi muito a turma da (gravadora de soul) Motown, James Brown, Jackson 5. E Elvis Presley é meu mestre do palco”, conta. O “top 5” do estilo, para ele, inclui Evaldo Braga, Nelson Ned, Odair José, Valdick Soriano e o pouco conhecido Raimundo Soldado. “Ele é poesia pura. O primeiro álbum dele tinha pegada meio ‘disco’, bem legal”, recorda. 

Antes do ‘chic 10’, Rodrigo cantou em grupos de blues e rock clássico. A guinada surgiu quando perdeu o pai e teve o primeiro casamento desfeito, há seis anos. “Minha filha, hoje com 13 anos (ele tem mais um filho da atual mulher, com dois anos) foi morar distante de mim. Comecei a olhar fotos dos anos 1970 e senti saudades daquele estilo. As festas no meu quintal, as pessoas com roupas dos anos 1970… Hoje, as festas são todas em salão”, conta o cantor. 

Ele abandonou o mundo da engenharia (tinha um escritório com um amigo) e, com mais de 30, correu atrás do sonho da música. “Eu tinha uma poupança que foi acabando. Claro que ouvi de algumas pessoas: ‘Quando é que você vai tomar vergonha na cara e vai trabalhar?’ Alguns dias foram tristes”, relata. “Mas as pessoas viram que o trabalho era verdadeiro”.

Rodrigo adota as roupas chamativas também fora do palco. “Fui passando a gostar de me vestir assim. Minha atual mulher demorou a aceitar. Hoje, ela só fala: ‘Vamos numa festa hoje, vê se vai a paisana!’”, brinca.

O artista ama o universo popularíssimo que abraçou. “Se Nelson Ned é brega, quero estar ao lado dele. Ele lotou o Carnegie Hall!”, diz ele, que tem recebido material de compositores. “Mas muitas músicas que recebo são pejorativas, sarcásticas. O meu trabalho não é de humorista, mesmo que tenha bom humor”, revela.

O Dia

Escreva sua opinião

O seu endereço de e-mail não será publicado.