Desenvolvida pelo Instituto Gamaleya de Moscou, a vacina da Rússia para a Covid-19 é confiável?

Nesta terça-feira (11), o presidente russo Vladimir Putin anunciou que o Ministério da Saúde da Rússia concedeu a aprovação regulatória para a vacina contra a Covid-19 desenvolvida pelo Instituto Gamaleya de Moscou. Dessa forma, essa se torna a primeira vacina registrada contra a doença no mundo.

O anúncio de que o país conseguiu aprovação regulatória para a primeira vacina contra Covid-19 do mundo – após menos de dois meses de testes em humanos – desperta preocupação.

Enquanto outras instituições como a Universidade de Oxford e as farmacêuticas Sinovac e Moderna divulgam dados há algum tempo sobre a fase final de testes em suas vacinas, Moscou surgiu recentemente nos estudos.

Ainda há muitas dúvidas acerca da imunização russa. Os testes em seres humanos foram realizados durante apenas dois meses, o que deixa incógnitas sobre efeitos colaterais posteriores. Além disso, pouco foi divulgado sobre os estudos, métodos e resultados obtidos por essa vacina.

A CNN estreia nesta terça-feira (11) uma série de vídeos em que Gustavo Cabral, imunologista com formação em Oxford, Reino Unido, e Berna, na Suíça, tira as dúvidas mais comuns sobre vacinas e tratamentos contra a Covid-19.

Atualmente, Gustavo Cabral desenvolve um projeto de vacina nacional contra a Covid.

“Essa vacina é a maior incógnita que existe nesse momento”, afirma o pesquisador. “Na verdade, não sabemos nada sobre ela”.

Ele também afirma que é complicado julgar a eficiência da vacina sem dados mais concretos revelados: “Se não tem dados, eu sempre desconfio”.

“Nesse caso nós não temos divulgado, de onde surgiu, quais as técnicas utilizadas — aparentemente é a mesma tecnologia utilizada por Oxford –, por exemplo. Mas não temos nenhum dado concreto”, disse Dr. Cabral.

Existem também muitas perguntas sobre a vacinação mundo afora após a aprovação do projeto. Por enquanto, o cientista acha difícil que a vacina chegue rapidamente ao Brasil: “Eles podem licenciar internamente [na Rússia]. Agora, para produzir internacionalmente, não. Terá que passar pelas organizações internacionais. Eles não podem enviar para o Brasil sem que a Anvisa aprove. E a Anvisa não vai aprovar sem ter todos os dados concretos da tal vacina.”

Mesmo com a aprovação da vacina feita na Rússia para o novo coronavírus, a luta contra a pandemia ainda persiste e oferece muitos mistérios.

Corrida contra o tempo

Desde o início da pandemia da Covid-19, diversos pesquisadores de todo o mundo se mobilizaram em encontrar diferentes maneiras de contê-la. A busca por medicamentos que sejam eficientes no tratamento da infecção viral e vacinas que a evitem se tornaram o centro das atenções.

É possível especular, por exemplo, uma corrida entre os países de ciência e tecnologia altamente desenvolvidas para chegar nessas soluções.

Na entrevista para Karla Chaves, da CNN, Dr. Gustavo Cabral discutiu o assunto. “Não existe potência mundial que não detenha poder científico, poder de conhecimento. Na verdade tudo gira em torno do conhecimento científico. Toda e qualquer tecnologia primeiro tem que produzir conhecimento para as empresas irem lá e desenvolver a tecnologia”, afirma. “É um poder enorme deter o conhecimento para desenvolver uma vacina de forma tão rápida e mostrando eficiência”. Veja mais em CNN BRASIL.

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