Do RN para o mundo: potiguar Antônia pode estrear como titular na Copa do Mundo Feminina

O Brasil estreia no Mundial na próxima segunda-feira, dia 24 de julho, diante do Panamá, às 7h (horário de Brasília), em Adelaide, na Austrália. Na sequência, enfrenta a França, no dia 29, em Melbourne, e fecha a participação na fase de grupo contra a Jamaica, no dia 2 de agosto. Os canais Globo e Sportv vão transmitir o Mundial, enquanto no streaming a CazéTV exibirá as 64 partidas ao vivo. Em campo uma potiguar: Antônia Silva, uma das líderes da Seleção.

Para a lateral-direita, uma estreia contra uma equipe mais frágil vai acender o alerta do Brasil para evitar surpresas logo na primeira partida no Mundial. “O que temos focado bastante é saber que não tem nenhum jogo fácil na Copa. É o primeiro jogo, a estreia. Precisamos tirar a ansiedade. Será a primeira Copa de muita gente. Acredito que estamos focado em colocar em prática os princípios que a Pia vem passando para a gente. Vamos impor nosso jogo, mas sabendo que podem oferecer perigo, principalmente em contra-ataque. Precisamos ter a posse de bola”, avisou a jogadora, nesta quinta-feira.

O time do Panamá ocupa no momento a 52ª posição do ranking da Fifa. Na fase de grupos, a seleção brasileira enfrentará também a Jamaica (43ª) e a favorita França (5ª) – o Brasil figura em 8º lugar. “Já estamos em clima de Copa. Ja é Copa. Temos um grupo muito bom, extrovertido. E agora já começou a virar a chavinha de que é Copa do Mundo. Está chegando a estreia, estamos muito ansiosas para entrar em campo”, disse a lateral.

Antônia será uma das 11 estreantes da seleção brasileira numa Copa do Mundo. A lateral, contudo, se destaca por ter maior experiência que as demais. Com 29 anos, ela desponta até como uma das líderes da equipe. Nesta quinta, em entrevista coletiva, a jogadora disse se sentir à vontade no grupo liderado pela técnica Pia Sundhage.

“Eu me sinto muito à vontade aqui. Cada uma sabe da sua função e sua importância. A Pia me deixa ser quem eu sou, e o grupo me dá total segurança. Apesar de eu ter 29 anos, eu faço parte dessa renovação da Pia. E o grupo também me dá total confiança. Acho que a minha experiência também conta”, declarou.

Técnica potiguar alerta para as dificuldades da seleção

Umas das profissionais mais preparadas no RN, militando no futebol feminino, Denise Lemos Fernandes, uma carioca de 36 anos e que conhece a estrutura do esporte a fundo, torce para que o Brasil chegue na final da Copa do Mundo, que inicia nesta segunda-feira para as nossas meninas. Mas ela alerta que a tarefa não será das mais fáceis. A treinadora disse também que espera ver a modalidade ganhando novos ares no estado, através de uma melhor organização.

Com a autoridade de quem passou boa parte da vida ligada ao futebol. Que ela diz ser uma paixão alimentada desde a infância, Denise Fernandes, em relação ao campeonato mundial, acredita que a equipe brasileira, apesar de estar bem preparada, terá sete decisões pela frente se chegar até a final.

“Nós tivemos um ciclo completo de preparação para esse Mundial. Logo, acredito que as nossas meninas estão muito bem preparadas para a competição. Só que devemos tomar cuidado porque, no futebol atual, não existe mais nenhum time bobo. Penso que esse jogo contra o Panamá será também muito difícil para a nossa seleção”, disse Denise.

Em relação ao futebol potiguar, a treinadora que comanda a equipe do PSG Natal, salienta que ainda há um longo caminho para o Rio Grande do Norte trilhar na modalidade feminina. A falta de incentivo e, também, uma melhor organização do esporte no estado faz com que esse desenvolvimento, tão sonhado, caminhe a passos de formiga.

Com o trabalho de 4 anos em escolas e, agora, apenas no comando do PSG, Denise Fernandes aponta como um dos principais problemas para o esporte feminino no estado, a falta de competições nas categorias sub 13 e sub 15. Fato que de acordo com a orientadora, impede o melhor desenvolvimento das nossas atletas.

“Para disputar competições nessa faixa etária nós somos obrigados a sair do estado. Recentemente estivemos na disputa da Gol Cup, realizada em Goiás. Lá nós conseguimos ser vice-campeãs na taça ouro com a equipe sub 13 e também tivemos um bom desempenho com um grupo de sub 15. Mas tudo isso tem um custo elevado. Só quem pode pagar pelas passagens vai jogar. A competição exige muito das atletas, pois chegamos a jogar 16 jogos em 5 dias”, ressaltou.

No intuito de tentar amenizar o abismo que o poder financeiro pode criar no futebol feminino no RN, Denise Fernandes, hoje, comanda um projeto social voltado apenas para as meninas carentes. A escolinha denominada como Desenvolvimento Feminino, funciona no CT do PSG Natal todas as quintas-feiras.

“Esse é um projeto que nós lançamos há pouco mais de 1 ano e que reúne um bom número de atletas. Pelo fato de não contarmos com nenhum tipo de apoio, as meninas não conseguem dar muita sequência ao trabalho, por falta de dinheiro até para pagar as passagens de ônibus. Então é normal em um dia de treino ocorrerem muitas faltas”, disse a treinadora que mantém a busca por novos parceiros para o projeto.

DELEGAÇÃO BRASILEIRA
A treinadora Pia Sundhage é a primeira mulher a comandar a Seleção Brasileira em uma Copa do Mundo. Além do ciclo de quatro anos à frente da Canarinho, que teve inclusive o título da Copa América em 2022, a sueca apresenta um currículo vencedor: foi medalha de ouro em Pequim 2008 e Londres 2012.

Pia terá a seu lado a maior delegação da história, com 31 profissionais, incluindo o chefe de delegação, comissão técnica e dirigentes, além das 26 convocadas (três são suplentes). Trata-se também do maior número de mulheres, com 17.

PREMIAÇÃO
Em anúncio feito pelo presidente da FIFA, Gianni Infantino, em março, no 73º Congresso da FIFA, em Kigali, Ruanda, a premiação para as 32 seleções, que reúne verbas de preparação e prêmios, subiu para US$ 152 milhões (cerca de R$ 800 milhões).

PREPARAÇÃO
Com o objetivo de colocar a Primeira Estrela na camisa, as Guerreiras do Brasil teve uma preparação voltada a minimizar os efeitos da diferença de fuso horário – 13 horas à frente -, e começar a Copa do Mundo nas melhores condições possíveis. Para isso, viajaram com destino à Austrália no dia 3 de julho, às 5 horas da manhã, com deslocamento feito em um voo fretado, fato inédito na história.

De 4 a 18 de julho, o Brasil se preparou em Gold Coast, nas estruturas do Hotel Resort Royal Pines, que possui campos de futebol, academias e dormitórios de ponta. Depois, a Seleção Brasileira fez viagem para Brisbane, onde fará sua estreia.

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