Efetivado no comando do COB, caicoense Paulo Wanderley diz: “Não é momento de apontar o dedo”

Efetivado como presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB) após a renúncia de Carlos Arthur Nuzman, Paulo Wanderley pediu união para enfrentar a crise que afeta a entidade. Nesta quarta-feira, o dirigente comandou Assembleia Extraordinária na sede do COB, no Rio de Janeiro, e falou sobre os desafios que terá pela frente. Vice da chapa de Nuzman, o ex-presidente da Confederação Brasileira de Judô (CBJ) comandará os esportes olímpicos do país durante o ciclo até os Jogos de Tóquio 2020.

– Não é o momento de apontar o dedo, é o momento de dar as mãos. Eu tenho convicção que vamos superar esse momento do esporte, que é difícil, não tenho de disfarçar nada. Tenho a oferecer trabalho, dedicação e exemplo – afirmou Wanderley.

O dirigente disse também acreditar que a saída de Nuzman pode facilitar a busca do COB pelo fim da suspensão imposta à entidade pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) após a prisão do ex-presidente. Segundo Paulo Wanderley, já foram iniciadas as conversas para normalizar a situação do Comitê Olímpico do Brasil.

– A renúncia do presidente, eu penso, é um sentimento pessoal, que vai acelerar o processo de solução do problema. É uma visão particular, porque vamos dizer, é o problema. Creio que isso é um primeiro passo muito importante no sentido de solucionar essa questão da suspensão do COB. Os outros passos são informar passo a passo ao COI das decisões tomadas, assim como fizemos da assembleia extraordinária. Agora vamos informar o que ocorreu nessa assembleia de hoje – disse o dirigente.

Confira outros trechos da entrevista de Paulo Wanderley

Comissão para discutir mudanças no estatuto

– Hoje foi designada uma comissão para estudar a mudança estatutária. Três presidentes de federações (esgrima, atletismo e vela) estão no processo, incluindo o presidente da comissão de atletas, o Tiago Camilo. Será agregado representante da comissão de esportes da Câmara. Vamos conversar com atletas pelo Brasil, advogados especialistas na área, para aprovação da Assembleia Geral Ordinária, que é o órgão competente. Tinham me sugerido o prazo de 90 dias e será feito isso no prazo de 45 dias. Entre aprovar e colocar em funcionamento. O COB está aberto a diálogo com a participação não só do seu colégio eleitoral atual.

Opinião sobre mudanças no estatuto

– Já demonstrei na prática que não sou favorável ao que está no estatuto hoje. Dentro do consenso e da legalidade. Acho que seis meses de antecedência para apresentar chapa, é muito, 30 dias é o mínimo necessário, 10 é pouco. Eu acho, é opinião minha, eles que vão decidir. Eu acho que apresentar chapa de um colégio de 30, ter de ter 10 de apoio é um exagero. Vamos reduzir. A paridade existe em qualquer votação, de qualquer entidade, e acho que deve existir. Agora, quanto, dois para um, três para quatro, não sei. Mas intenção é essa. Tempo diminuído, menor número de confederações para apresentar a chapa. A história onde estive comprova isso. Como dar paridade a alguém que está administrando quando o sucesso é de todos e o insucesso é do CPF dele? Como dar paridade se alguém da administração está na responsabilidade do dia a dia, das falhas, e ele será o responsável? Ele. E o atleta, que está externamente, olhando de fora, mas não tem responsabilidade no dia a dia nem consequência pessoal se der errado. No meu entender, não dá.

Mandato até 2020

– Com relação ao mandato, eu fui eleito para um mandato de quatro anos, de acordo com o estatuto, foi uma eleição por aclamação. Então, sim, a intenção e a legalidade estatutária respaldam o mandato de quatro anos. Não vejo porque não cumprir. O que temos de decidir é a questão da vice-presidência. O estatuto prevê apresentação de chapa, não concordo, mas não tem como fugir. Pode ser que haja alguma mudança nessa questão do estatuto. Mas o COB continua funcionando normalmente mesmo na ausência do vice-presidente.

Reação à renúncia de Nuzman

– Sobre a decisão pessoal do Carlos Arthur Nuzman, era aguardado, mas era uma incógnita. O sentimento da comunidade é de lamentar, mas o sentimento da organização é de alívio.

Suspensão pelo COI

– A suspensão do COB é uma ação protocolar do COI em situações semelhantes já conhecidas, como México, Equador, Índia, Irã, e todos foram solucionados. A mensagem do COI, e tenho essa mensagem, é de que é provisório e que podemos reverter de forma imediata se atendermos às necessidades que não são explícitas, mas sabemos quais são.

Recuperação da credibilidade do COB

– Trabalho com consciência para deixar a única marca que posso deixar no COB. É intenção minha e vou trabalhar para isso. Esportivamente eu não vou conseguir, nem eu nem outro dirigente que vier, realizar o que o Nuzman fez no esporte brasileiro. Esportivamente, os Jogos Olímpicos foram um sucesso absoluto. Criação do instituto olímpico, várias outras coisas, a Lei Piva foi um trabalho fundamental dele no Congresso, através dela surgiram outras leis de incentivo… Sei que não vou conseguir. Mas uma coisa acho que posso implementar, que é nesse sentido, dar segurança ao nosso público de que as coisas serão corretas. Aqui se delega, mas se fiscaliza. É a única possibilidade que eu tenho. É nesse âmbito da governança, da credibilidade, do respeito, é nesse sentido que vou fazer meu trabalho com ajuda da equipe que tenho e que poderá vir a ser reforçada.

Presença do filho na ABCD (Ministério do Esporte)

– Em relação ao Sandro, o vínculo que tenho é por ser meu filho, um profissional extremamente competente. Mas não tenho nenhuma influência sobre as decisões profissionais dele.

Comparação entre desafios na CBJ e no COB

– Eu estava em uma confederação que era inoperante, não tinha recurso, credibilidade. E não é o que acontece aqui no COB. Produz e produz bem, a situação financeira está um pouco comprometida com recurso por conta de todas as situações que estão ocorrendo no Brasil. Os patrocinadores um pouco receosos. Mas quem tem histórico de resultado está sofrendo muito menos.

Promessa de transparência

– Vocês jamais ficarão sem resposta sobre qualquer assunto que dirigirem a mim. O meu mandato termina em outubro de 2020. São quatro anos. Hoje a lei permite uma recondução e nada mais. E mesmo que tivesse, eu encerraria. O meu limite de vida útil olímpica é de oito anos.

GE

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