Emigrar da Venezuela sem nada no bolso

Em junho passado, Gregory Díaz atravessou a Ponte Internacional Simón Bolívar com um televisor nas costas, seu único patrimônio. Vendeu o aparelho em Cúcuta e conseguiu ficar alguns meses com o dinheiro recebido pelo negócio e com o cartão de mobilidade fronteiriça – que o Governo da Colômbia emitiu para 1,3 milhão de venezuelanos desde maio de 2017, com a intenção de regularizar esse ponto de passagem cada vez mais movimentado, que se enche de pessoas tentando fugir da grave crise econômica e social vivida pelo país sul-americano.

Essa foi a primeira tentativa migratória de um jovem nascido e criado numa casa com chão de terra e telhas de zinco do bairro Bolívar de Petare, em Caracas. Um garoto de 24 anos, pai de um menino de cinco, com o ensino médio incompleto, um emprego intermitente de carpinteiro e sem passaporte. No final deste mês, após economizar 10 milhões de bolívares, pouco menos de 50 dólares (cerca de 170 reais) e muito menos do que hoje custa um televisor, ele tentará emigrar de novo com sua namorada, que ficou desempregada em novembro, quando a loja onde ela trabalhava fechou definitivamente.

“Aqui não tenho um salário, aqui morro de fome. Quero poder ajudar minha mãe e também minha irmã para que ela possa estudar, ou em caso de doença na família. Por milhares de outras coisas que sofremos aqui eu quero ir embora, porque aqui passamos todo dia pensando no que vamos comer, porque não há dinheiro nem alimentos”, afirma Díaz. A oferta de um trabalho como barbeiro é sua única certeza.

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