Empresário recebe Polícia Federal a tiros em Manaus, diz subprocuradora; secretário está foragido

A subprocuradora-geral da República Lindôra Araújo afirmou, no início da sessão do STJ (Superior Tribunal de Justiça) desta quarta-feira, em Brasília, que os policiais federais que cumpriram os mandados judiciais de prisão na quarta fase da Operação Sangria foram recebidos a tiros pelo empresário Nilton Costa Lins Júnior, filho do professor Nilton Lins, já falecido. A Polícia Federal não confirmou a informação.

“Hoje pela manhã, nós tivemos uma operação na cidade de Manaus em relação aquela operação que o ministro Francisco Falcão é o relator (…) e teve um incidente bastante sério. Eu queria comunicar à corte em razão de, no cumprimento de um mandado de busca, determinado pelo ministro Francisco Falcão, que é o relator, a polícia federal foi recebida a tiros pelo filho do Nilton Lins. Foi uma situação bastante constrangedora e perigosa em Manaus”, disse Lindôra.

Lindôra Araújo também informou que o secretário de Saúde do Amazonas, Marcellus Campêlo, está foragido. “Também temos um foragido que é o secretário Marcellus Campelo. (…) Então, só queria deixar isso comunicado, tendo em vista que foi uma operação de busca e apreensão e também prisões. Como ocorreu pela manhã e houve um tiroteio, é a primeira vez que eu, em 30 anos, vi ocorrer alguém receber numa busca e apreensão”, disse Lindôra.

A informação foi dada aos ministros no início da sessão que irá julgar se recebe a denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República) contra o governador do estado, Wilson Lima, ex-secretários e empresários por supostas fraudes na compra de respiradores. A PF fez buscas na casa do governador.

No julgamento, o ministro Og Fernandes perguntou se houve vítimas no incidente e a subprocuradora negou. “Não. Com a graça de Deus, não. Não houve nenhuma vítima. É que nessa casa eram só policiais federais. Na outra, eram colegas que estavam desarmados. Nessa, a Polícia Federal estava junto e ela estava armada. Nenhuma vítima”, disse Araújo.

O presidente do STJ, ministro Humberto Martins, lamentou o caso. “As questões judiciárias devem ser resolvidas através dos recursos, dos meios próprios, e não através da violência. Lamentamos e podemos dizer que ficamos tristes. Mas, com certeza, o Poder Judiciário, o relator Francisco Falcão… as providências serão tomadas de forma rígida”, disse o ministro. “Estamos na época do regime democrático de direito”, completou.

A Operação Sangria 4 investiga formação de organização, fraude em licitações e desvio de verba pública na contratação do Hospital de Campanha Nilton Lins. O STJ autorizou também a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico do governador e do secretário de Saúde.

Na primeira fase da Operação Sangria foi investigado um superfaturamento de cerca de R$ 500 mil pela compra de 28 respiradores de uma empresa comercializadora de vinhos. Na segunda fase foram realizadas buscas e apreensões para verificar a atuação de agentes públicos e empresários que teriam participado do processo de aquisição. Na terceira fase foram investigadas irregularidades no pagamento de R$ 191 mil para o transporte de 19 respiradores pelo Governo do Estado do Amazonas, frete que deveria ter sido custeado pela empresa fornecedora dos referidos equipamentos.

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