Eólicas devem gerar 1,1 milhões de empregos até 2038, aponta estudo

A ascensão das energias renováveis têm impulsionado um novo capítulo no mercado de trabalho brasileiro, com projeções promissoras para a região Nordeste, especialmente o Rio Grande do Norte, que lidera o ranking dos maiores produtores de energia de fonte eólica do País.

Com base em estudos apresentados no recente Fórum de Energias Renováveis em Natal, a expectativa é que a implantação de parques eólicos em terra gere 1,1 milhão de empregos diretos e indiretos até 2038, com 85% das vagas em operação e manutenção concentradas na região.

Os números foram apresentados no evento promovido pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-RN), com o apoio do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e da Federação das Indústrias do Estado (Fiern). Os participantes destacaram a crescente demanda por mão de obra especializada e delinearam a expansão das oportunidades para profissionais técnicos.

O especialista e consultor Jorge Boeira, um dos responsáveis pela elaboração do estudo “Criação de empregos no setor eólico brasileiro”, explica que elementos como a estimativa de inserção de potência e abundância de recursos naturais sustentam a projeção positiva.

“Já é bastante conhecido o grande potencial de ventos da região Nordeste. Aqui se tem um regime de ventos, que permitem que o fator de necessidade seja muito maior, por isso que as decisões de investimento de instalação de parques eólicos, 90% devem acontecer no Nordeste. Além da instalação de parque, que neste sentido envolve uma maior participação de empregos na parte de construção e instalação, sem contar a parte da criação de empregos no transporte, temos os empregos na parte de manutenção e operação, que são empregos em uma escala menor, mas que as pessoas ficam empregadas por 20, 25 anos”, diz.

Boeira acrescenta que empregos também podem ser gerados em eventuais repotenciações, isto é, troca de equipamentos no futuro, e fabricação de componentes. “Como as partes e peças de um aerogerador são muito grandes, então para facilitar do ponto de vista da logística, a maior parte das fabricantes de componentes, como torres, pás eólicas, e mesmo a montagem do aerogerador, estão se localizando no Nordeste para facilitar. A gente estima que o Nordeste deva concentrar em torno de 60% dos fabricantes de equipamentos voltados para a geração de energia eólica”, comenta.

O estudo, intitulado “Criação de empregos no setor eólico brasileiro” foi feito a pedido da Cooperação Brasil-Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável – por meio do Projeto Profissionais do Futuro, que reúne os Ministérios da Educação (MEC) e de Minas e Energia (MME) – com a agência pública alemã Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ). O documento traz estimativas de curto, médio e longo prazos para criação de empregos na cadeia produtiva onshore, ou seja, em atividades voltadas a parques eólicos em terra.

A concentração de empregos na operação e manutenção de parques eólicos no Nordeste reforça a importância estratégica dessa região para a economia verde. Espera-se que esse crescimento não apenas forneça oportunidades de emprego, mas também contribua significativamente para a redução da pegada de carbono e a transição para uma matriz energética mais sustentável no Brasil. Neste processo, até alcançar a marca de 1 milhão de empregos gerados em 15 anos, o principal desafio é o volume de profissionais formados e a qualificação da mão de obra, afirma Boeira.

“A gente fez uma pesquisa, que também envolveu um questionário estruturado. Entrevistamos os empresários e os centros de formação. Existe toda uma preocupação de formação, mas o grande desafio é formar na quantidade necessária para essa expansão. Do ponto de vista do estabelecimento de novas escolas, eu acho que o Brasil fez um excelente trabalho quando criou os institutos federais técnicos lá atrás, os SESIs também, com uma formação mais tradicional de técnicos eletromecânicos”, pontua.

Tribuna do Norte

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