Estatais dependentes de recursos da União gastam 86% do orçamento com servidores

Dezoito empresas estatais que dependem de recursos da União para sobreviver podem ser consideradas “fábricas de salários”. Isso porque 86% de todo o gasto dessas empresas são destinados ao pagamento de salários e despesas administrativas do funcionalismo, aponta estudo publicado em dezembro pela Instituição Independente Fiscal (IFI), ligada ao Senado. O pior caso é o da Embrapa, onde 98% de todos os gastos da empresa são destinados a pagamento de pessoal e despesas correntes. 

Das 149 estatais brasileiras existentes, essas 18 empresas são as chamadas “dependentes”, cujas despesas estão previstas no Orçamento da União e competem com gastos em outras áreas fundamentais para a população, como saúde e educação. O levantamento do IFI também mostra quanto custa por mês cada funcionário dessas empresas: R$ 11.683, em média. As 18 estatais empregam cerca de 74 mil pessoas. A conta considera o gasto total com salários de cada empresa, dividido pelo número de funcionários, em 13 meses (para incluir o 13º salário). 

Na Embrapa, a despesa mensal por funcionário é de R$ 21.448, considerando 13 salários por ano, pagos pelo Orçamento Federal da União, ou seja, pelo pagadores de impostos no país. O mais alto gasto mensal unitário com funcionários é o da Nuclep (Nuclebrás Equipamentos Pesados, empresa que fabrica equipamentos nucleares e navais). São gastos mensalmente R$ 21.652 per capita para manter os servidores nessa empresa. Os gastos com pessoal e despesas administrativas são 98% do orçamento da Nuclep. Ou seja, a empresa aloca menos de 2% para fabricar equipamentos nucleares, sua atividade-fim. 

O IFI considera os valores exagerados. As 18 estatais dependentes custaram R$ 16,8 bilhões em 2016, sendo 92% desses valores em recursos da União, que deixaram de alimentar políticas e programas sociais, por exemplo. “Portanto, o grau de dependência dos recursos do governo federal é de modo geral bastante elevado. Esse é um aspecto que chama atenção, pois a organização de certas atividades de interesse público na forma empresarial sugere certa capacidade de geração própria de recursos”, conclui o estudo. 

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