‘Eu me vi naquelas crianças’, diz policial de Maricá que acalmou crianças durante operação no Jacarezinho

Foto: Reprodução/G1/Polícia Civil

Durante a operação da Polícia Civil do RJ contra o tráfico de drogas no Jacarezinho, na Zona Norte do Rio, na última quinta-feira (6), o policial civil de Maricá (RJ), Francisco Pacheco, contou histórias para cinco crianças na tentativa de acalma-las. O momento foi registrado em vídeo por colegas do policial.

Nas imagens, Pacheco aparece sentado em um dos degraus de uma escada, conversando com as crianças. “Eu parei para acalmar as crianças porque eu vi que elas estavam em um momento de necessidade. Elas estavam apavoradas com o tiroteio”.

“Como era uma operação voltada justamente para o combate do aliciamento de crianças e adolescentes ao tráfico, foi necessário dar um pouco de afago naquele momento, ampará-las e mostrar para elas que a polícia não está ali para prejudicar, e sim para ajudar”, contou o policial.

Uma das linhas de investigação da operação era o aliciamento de crianças e adolescentes ao tráfico de drogas. De acordo com Pacheco, momentos antes dele começar a conversar com os pequenos, eles estavam chorando. Mas a situação mudou assim que as crianças começaram a ouvir as histórias contadas pelo policial.

“O melhor momento ali foi quando a menina secou as lágrimas. Eu tive que me manter firme e concentrado na operação. A minha empatia é natural, eu estudei em um colégio em Manguinhos, e eu me vi naquelas crianças. Eu acordei muitas vezes com tiroteio e não tinha ninguém pra me acalmar”, contou.

Pacheco é investigador da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) da Polícia Civil no Rio de Janeiro, e também no Regime Adicional de Serviço na Delegacia de Maricá, na Região Metropolitana.

Ele está há 11 anos na corporação e diz que os agentes são capacitados e treinados para lidar com momentos de pressão psicológica. “Nós trabalhamos a parte psicológica e a parte operacional, e a gente entra para fazer o que tem que ser feito”.

O policial contou para as crianças histórias que envolviam símbolos do folclore brasileiro, como Saci Pererê e Curupira, mas a mensagem principal, segundo Pacheco, trazia uma reflexão sobre o significado de heroísmo para crianças que crescem cercadas pela criminalidade.

“A mensagem para aquelas crianças, e para todas as outras crianças, é que os heróis de verdade não são os que estão pintados nos muros das favelas, não são os suspeitos que aparecem na televisão. Os heróis devem ser Papai Noel, Curupira, Saci Pererê e outros”, completou.

Durante a entrevista, Pacheco ainda se solidarizou com a morte do policial civil André Farias, que morreu baleado na cabeça quando retirava uma barricada. O inspetor foi uma das 28 pessoas que morreram durante a operação, segundo a polícia. POR G1

Escreva sua opinião

O seu endereço de e-mail não será publicado.