Ex-moradora de Curitiba, chef relata terror e “guerra civil” no Espírito Santo

Desde a madrugada do último sábado (4), quando familiares de policiais militares passaram a impedir a saída de viaturas e policiais dos quartéis, a população do Espírito Santo passou a viver cenas de terror e entender o sentimento de pânico.

A capixaba Carla Coutinho, de 37 anos, é chef de cozinha e saiu para trabalhar normalmente no sábado a noite, apesar da tensão. O restaurante onde trabalha contratou seguranças diante da falta de patrulhamento e, no fim do expediente, ela voltou para casa acompanhada dos patrões. Depois disso, não deixou mais o seu apartamento.

“No começo, ninguém achou que era tão grave. Mas as cenas de arrastões, grupos de pessoas com armamento pesado assaltando lojas, pessoas, trocas de tiro com quem está passando na rua mudou tudo. Tudo isso é muito assustador”, conta. “Ninguém nunca acha que vai passar por isso, parece cena de filme. Nós não sabíamos o que era guerra, mas isso aqui é uma guerra civil”, descreve.




Os serviços em Vitória estão praticamente todos parados – a maioria dos ônibus não funciona, nem bancos nem lojas estão abrindo. Não há dinheiro nos caixas eletrônicos. Nos poucos supermercados que abriram, um pouco mais tarde do que o normal, a maioria das pessoas faz estoque de comida para não precisar sair de casa. “Alguns supermercados nem abriram as portas e os que abriram estavam cheios de gente comprando grandes quantidades de comida. Ninguém sabe quando isso vai acabar”, diz a chef de cozinha.

Ou ruas vazias, ou pânico

Vitória, descreve Carla, parece uma cidade fantasma. “Ou as ruas estão vazias, ou em pânico. Você desconfia de todo mundo, olha para os lados o tempo inteiro. Os bandidos não se intimidaram com a presença do Exército. Eles têm armas tão pesadas quanto o Exército”, comenta. De acordo com a moradora, a presença de tropas federais, que chegaram à capital na noite desta segunda-feira (6), não mudou a sensação de insegurança. “Você não vê o Exército nas ruas. Não há nem mesmo a sensação de segurança, o que é muito diferente do que estar de fato seguro”, argumenta.

Escreva sua opinião

O seu endereço de e-mail não será publicado.