
Flávio Rocha e Michel Temer jantam juntos em São Paulo
O empresário Flávio Rocha, o ex-presidente Michel Temer e o presidente da Esfera Brasil, João Camargo, jantaram esta semana.
Sim, estava gostoso e, sim, estava agradável. Melhor do que o conteúdo das declarações abertas, um tanto insossas e sem graça.
Empresários gostam desses rega bofes com ex-presidentes, especialmente homens como Michel Temer, cujo protagonismo vem sendo esticado por um presidente da República desesperado em se manter no poder.
Mas como o atual governo é uma janela de oportunidades enquanto estiver aberta, segue o que poderíamos chamar de “jogo das cadeiras” ou das privadas.
As crianças dançam ao redor delas embaladas por um som qualquer e, quando a música para de repente, vence quem conseguir sentar.
Quem não conseguir, sai do jogo e leva uma cadeira (uma privada) consigo. E assim continua até que sobre apenas um participante, uma cadeira ou uma privada.
No fim do jantar, como capturou a colunista Mônica Bérgamo, da Folha, os empresários, reunidos pelo grupo Esfera brincaram com a possibilidade de Michel Temer, o convidado da noite, ser ele próprio o próximo ministro da Fazenda.
Pronto,, estava feito o serviço, aquela coisa pastosa ou às vezes ressecada que muitos desovam como se fosse um feto.
Ao que Temer respondeu, com humildade, precisar aprender a “somar, diminuir, dividir e multiplicar” antes que essa ideia se materializasse.
Para variar, o conteúdo das conversas ali foi menos interessante do que o cardápio, que costuma ser muito bom.
Em resumo, Temer disse que Lula não é uma ameaça ao capital, só quando quer agradar a militância, como recentemente fez no caso da Nicarágua, regime autoritário de esquerda poupada por ele.
Sobre temas mais indigestos – o desastre que é o governo Bolsonaro -, pegou leve.
Disse que o presidente vinha dando bem “sequência” ao governo dele, mas foi atropelado pela pandemia.
Depois de elogiar Dória, Temer criticou Sérgio Moro e ironizou Ciro Gomes ao dizer que ele representa a quinta via, uma vez que concorreu três vezes e perdeu e será candidato novamente em 2022, a quarta vez.
Barriga cheia e bebida boa deixam qualquer piada engraçada, desde que ninguém ali tenha realmente compromisso com nada, exceto com os seus próprios rendimentos.
Temer não foi um mau presidente, considerando a situação em que assumiu o país. Mas tanto ele como os demais convivas do jantar elegante sabem o risco que o país corre.
E, portanto,o risco que seus negócios correm com a explosão da dívida pública pela via dos péssimos gastos do governo na tentativa enlouquecida de reeleger Bolsonaro.
Entendem esses senhores que desmontar essa bomba fiscal levará tempo e acarretará prejuízos para toda uma década. A esta altura, o jantar escoou pelo ralo.
Engano
Para quem ainda acha que o Brasil está na draga porque o mundo todo também está arruinado por causa da pandemia, calma. Chile, Israel, Reino Unido, França e Alemanha, anotaram um crescimento vertiginoso no terceiro trimestre deste ano. Quem não se saiu tão bem, como EUA, China e Coréia ficaram, ficaram próximos da estabilidade, mesmo apresentando um aumento da inflação e dificuldades na oferta de insumos por conta da pandemia.
OCDE
Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que o Brasil tanto deseja integrar, mas não consegue, para cerca de 30 países que já divulgaram o PIB no período, poucos fecharam no vermelho, como México, Indonésia e Japão.
Brasil
No caso do Brasil, bem, a situação é singularmente difícil. Aqui, o PIB caiu 0,1% no terceiro trimestre em relação aos três meses anteriores, segundo o IBGE, mantendo o indicador do fim de 2019 e começo de 2020. Ou seja, 3,4% abaixo do ponto mais alto da atividade na série histórica, no primeiro trimestre de 2014.
Serviços
No caso do setor de serviços, a recuperação não foi suficiente para acionar o crescimento do país no terceiro trimestre deste ano, já que o PIB registrou queda de 0,1% em comparação com o segundo trimestre, e sofreu com os impactos da inflação e da instabilidade fiscal, que prejudicam a atividade econômica. Mesmo assim, com o avanço da vacinação contra covid-19 e a consequente reabertura da economia, as famílias passaram a consumir menos bens e mais serviços. Normal: vamos ficar pobres, mas bonitos.
Hipocrisia
Apesar das mesuras e gentilezas entre Davi Alcolumbre e o agora mais novo ministro do STF, André Mendonça, o terrivelmente evangélico e novo cabeludo da Corte, o senador está se sentindo traído pela votação, a mais apertada para uma sabatina do gênero da história. E, de fato, para quem teve a paciência de acompanhar o interrogatório, viu que Mendonça nadou de braçada em seu festival de hipocrisia. Quem ele será no futuro, isso nem Bolsonaro ou o pastor Malafaia sabem.
Incógnita
Sabe-se que no passado, as indicações do PT ao Supremo, que foram muitas nos governos Lula e Dilma, renderam infinitas dores de cabeça ao partido e a sua governabilidade. Com Bolsonaro não será diferente quando todos ao seu redor conseguirem o que querem e ele ficar pelo caminho, já que todos mandatários um dia ficam. As informações são de Marcelo Hollanda.
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