‘Fogo de palha’ será apresentado sábado, domingo e segunda, no espaço Casa do Poeta

Foto: Lenilton Lima

Em meados do século XIX, um grupo de jovens atores resolveu sacudir o tédio de sua cidade provinciana com arte. Nascia oficialmente o teatro natalense. A estripulia histórica é o tema do espetáculo “Fogo de palha”, que será apresentado sábado, domingo e segunda (feriado, 15/11), às 17h, no espaço Casa do Poeta, Ribeira. A montagem, dirigida pela atriz Bárbara Cristina, é uma adaptação do texto dramatúrgico “É tudo fogo de palha”, lançado em 2006 pelo jornalista e escritor Carlos de Souza (1959-2019). A obra fala do nascimento do teatro natalense em ritmo de farsa.

Bárbara Cristina conta que sempre gostou do texto, e quando precisou montar uma peça para a conclusão de seu curso de teatro da UFRN, em 2018, “É tudo fogo de palha” foi o primeiro que lhe veio à cabeça. “Fui conversar pessoalmente com Carlão, em Pium, para pedir a autorização dele para a montagem. Ele ficou super feliz com a iniciativa, e me deu total liberdade pra trabalhar”, conta. Após a encenação na UFRN, Bárbara persistiu na ideia de uma montagem mais profissional, e inscreveu o projeto na Lei Aldir Blanc, sendo aprovada.

Para a adaptação, ela precisou enxugar texto e personagens, mas manteve a essência da obra, uma farsa satírica sobre arte, teatro, e autoritarismo. No palco, “Fogo de palha” utiliza elementos da música, teatro épico, teatro de bonecos, e cultura popular. Quatro atores e uma atriz contam a história de como a arte teatral deu seus primeiros passos em Natal, através de um grupo de atores mambembes. De forma bem humorada, retrata sua trajetória de luta e perseguição numa cidade provinciana, opressiva e moralista.

Mambembes

A peça começa com os mambembes narradores na rua, descrevendo para a plateia a antiga Natal, que era recheada de manifestações culturais na época das festividades, mas que em dias comuns perdia o brilho e era reduzida a uma rotina tediosa e modorrenta. É então que a partir daí um grupo de jovens decide iniciar um grupo de teatro e construir seu próprio espaço feito de palha para as apresentações. Dessa forma o texto homenageia Maria Epifânia, a primeira atriz de Natal, e Matias Carlos, o primeiro a organizar um grupo de teatro na capital potiguar.

Na adaptação, Bárbara também aproveitou para abordar a questão da mulher no teatro, ainda mais repressora no século XIX. “Numa época em que era comum os homens interpretarem papéis femininos por falta de mulher nos grupos, a nossa atriz se veste de homem para burlar o patrulhamento da polícia e poder atuar no palco”, conta a diretora.

O primeiro grupo natalense de teatro vivia às voltas com a repressão das autoridades, mas não perdia o desejo de mostrar sua arte. A crítica ao autoritarismo é a graça maior de “Fogo de palha”. A nova montagem do espetáculo estreou em setembro passado, numa exibição só para convidados.

“Familiares do Carlão estiveram presentes e gostaram do resultado, foi algo muito emocionante para eles e para nós também”, ressalta.

E em breve, “Fogo de palha” vai ganhar as ruas da cidade. Bárbara conta que a peça também foi aprovada pelo edital do Natal em Natal, e logo serão anunciados o dia e o local em que ela será apresentada. A peça foi adaptada ao formato de teatro de rua, e assim poderá ser vista em dezembro.

Serviço:

Apresentação de “Fogo de Palha”. Dias 13, 14, e 15, às 17h, na Casa do Poeta, Rua Chile, Ribeira (casa de Ferreira Itajubá). Entrada: R$30 (inteira) e R$15 (estudante). Senhas adiantadas com Pix para 16601802000197 e comprovante o 98861-3318 (Whatsapp). É obrigatório o uso de máscara no local e a apresentação da carteira de vacinação com registro de pelo menos uma dose da vacina contra a Covid 19.

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