Forte explosão em casamento em Cabul deixa mais de 100 feridos

Uma forte explosão durante uma festa de casamento deixou dezenas de feridos na noite deste sábado (17) no oeste de Cabul, no Afeganistão.

Um oficial do Ministério do Interior, ouvido pelo jornal “The New York Times”, afirmou que pelo menos 40 pessoas morreram e mais de 100 ficaram feridas. Oficialmente, o ministério disse que não será possível fornecer uma contagem oficial até este domingo. Uma testemunha disse à TV americana CBS que mais de mil pessoas haviam sido convidadas.

“Às 22h40 locais (cerca de 15h em Brasília), ocorreu uma explosão no salão de casamentos Shar Dubai, no oeste de Cabul”, indicou à imprensa o porta-voz do ministério do Interior, Narrat Rahimi, sem dar um número preciso de vítimas.

Segundo o hospital de emergências de Cabul, 20 pessoas deram entrada, mas uma série de imagens fornecidas pelo ministério do Interior — em que se viam o que pareciam ser vários corpos — fazem temer um balanço muito maior.

Casamentos são grandes no país

Os casamentos no Afeganistão são eventos multitudinários, com centenas ou até milhares de convidados comemorando juntos a cerimônia em salões de dimensões industriais, onde os homens geralmente estão separados de mulheres e crianças.

Mohamad Farhag, uma das pessoas presentes no casamento, disse que estava na área reservada às mulheres quando ouviu uma forte explosão na zona destinada aos homens.

“Todo mundo correu para fora gritando e chorando”, explicou à AFP. “Durante 20 minutos, a sala ficou cheia de fumaça. Quase todo mundo na seção de homens estava morto ou ferido. Agora, duas horas depois do ataque, continuam tirando corpos da sala”.

O salão de casamento onde aconteceu o ataque fica na parte oeste de Cabul, um bairro habitado pela etnia Hazaras, que é largamente xiita.

Esse bairro tem sido alvo de ataques suicidas nos últimos anos, pois lá estão alvos com segurança baixa, como mesquitas e centros educacionais. A maioria desses ataques prévios, cujos alvos eram xiitas, foi assumida pelo Estado Islâmico, um grupo terrorista sunita, que tem tido uma atuação persistente no Afeganistão. Até agora, nenhum grupo reivindicou o ataque deste sábado.

Em 12 de julho, pelo menos seis pessoas morreram em um ataque suicida em outro casamento na província de Nangarhar (leste). O grupo extremista Estado Islâmico também reivindicou aquele atentado.

O porta-voz do governo, Feroz Bashari, afirmou que a explosão era “um sinal claro de que os terroristas não podem ver os afegãos expressando felicidade”.

“Não podem dobrá-los matando-os. Os encarregados pelo ataque desta noite vão responder” por isso, escreveu no Twitter.

Acordo entre Afeganistão e EUA

A explosão de sábado ocorre em um momento em que Estados Unidos e talibãs concluem um acordo aguardado para pactuar uma redução considerável das tropas americanas no Afeganistão em troca de que os insurgentes respeitem um cessar-fogo, rompam lanços com a Al-Qaeda e negociem com o governo de Cabul um acordo de paz duradouro.

O presidente Donal Trump disse desde o começo do seu mandato que quer as tropas fora deste país, onde Washington gastou mais de um trilhão de dólares, entre operações militares e trabalhos de reconstrução, desde 2001.

Na sexta-feira, Ahmadullah Azkhundzada, irmão do líder talibã afegão Haibatullah Akhundzada, foi uma das quatro vítimas fatais de uma explosão em uma mesquita no Baluchistão, no sudoeste do Paquistão, informou o governo provincial.

G1

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