França convoca embaixadores nos EUA e na Austrália em reação ao acordo Aukus

Foto: Mick Tsikas/AAP Image via AP

O governo da França anunciou nesta sexta-feira (17) que vai convocar os embaixadores franceses nos Estados Unidos e na Austrália para que prestem esclarecimentos sobre o acordo militar Aukus. A medida é mais uma resposta de Paris a essa parceria militar entre americanos, australianos e britânicos que prevê o desenvolvimento de um submarino movido por energia atômica, o que prejudicaria antigos acordos da Austrália com a França.

Na diplomacia, um governo convoca seus embaixadores em outros países quando quer demonstrar grave descontentamento nas relações. Há reuniões consultivas que podem terminar sem que nenhuma ação concreta seja tomada, mas a medida por si já é um sinal de tensão.

Em nota, o ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Yves Le Drian, disse que a decisão foi tomada pelo presidente Emmanuel Macron diante da “seriedade dos acontecimentos”. Na quinta-feira, Le Drian chamou o acordo de “uma facada nas costas” dada pelo governo de Joe Biden, e comparou o atual presidente dos EUA a seu antecessor, Donald Trump.

Além disso, a França cancelou um evento de gala que estava marcado para acontecer na embaixada dos Estados Unidos em Paris, em comemoração aos 240 anos de uma das batalhas da Guerra de Independência dos EUA, no século 18 (historicamente, os franceses foram os primeiros aliados dos americanos em sua luta para se libertar do Império Britânico).

O acordo Aukus

Os EUA fecharam um negócio com a Austrália para o desenvolvimento de um submarino movido por energia atômica, no contexto da criação de uma nova aliança internacional, que inclui também o Reino Unido, chamada Aukus.

Ao anunciar o acordo, na quarta-feira, Biden disse que a ideia era reforçar as alianças do país e, também, atualizar as prioridades estratégicas dos EUA. A Austrália fica perto da China, e ter uma parceria militar com os australianos é do interesse dos americanos.

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O problema é que a França tinha um acordo para fornecer submarinos convencionais para a Austrália, e esperava receber bilhões de dólares com essa venda. E esse acordo foi abandonado pelos australianos, que deram preferência aos americanos.

“Essa decisão brutal, unilateral e imprevisível me lembra muito o que o Sr. Trump costumava fazer”, afirmou o chanceler francês, Jean-Yves Le Drian, à rádio France Info. “Estou com raiva e amargo. Isso não é feito entre aliados.” “É uma facada nas costas. Criamos uma relação de confiança com a Austrália e essa confiança foi quebrada”, disse também Le Drian.

POR G1

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