Funcionários dos Correios convocam greve geral para 18 de agosto

Foto: Miguel Noronha/Futura Press/Estadão Conteúdo

A Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas dos Correios e Similares (FENTECT) indicou para o próximo dia 18 de agosto o início de uma greve geral da categoria por tempo indeterminado. A mobilização é uma tentativa de pressionar o governo diante da redução nos direitos da categoria e o desrespeito ao acordo coletivo que deveria valer até 2021, assim como a ausência de contraproposta à negativa do setor quanto ao pacote de medidas proposto pela administração federal.

A paralisação deveria começar já nesta terça-feira (4), mas devido à quantidade de sindicatos regionais de trabalhadores, a FENTECT decidiu adiar para a paralisação para daqui a duas semanas. Assembleias devem ser realizadas em 17 de agosto para confirmar a greve, que tem prazo indeterminado para ser encerrada.

De acordo com a organização, 70 direitos dos trabalhadores dos Correios foram revogados, o que inclui benefícios como vale-alimentação, auxílio-creche e um corte de 30% no adicional de risco. Além disso, a FENTECT aponta que os pagamentos de agosto chegaram com descontos indevidos, enquanto a parcela a ser paga pelos funcionários em planos de saúde foi ampliada pela empresa de forma incompatível ao piso salarial pago a eles, o que acabou deixando muitos sem cobertura.

Medidas como essa, assim como a falta de equipamentos de proteção individual durante a pandemia, são citadas pela federação como um descaso à vida dos trabalhadores e também dos clientes dos Correios. Como forma de garantir maior segurança, a federação também cita ter diversas ações judiciais em tramitação, como tentativas de obrigar os Correios a fornecer álcool em gel, sabonetes, testes para os funcionários e produtos para desinfecção de pacotes e agências. De acordo com a FENTECT, pelo menos 50 colaboradores da estatal já teriam morrido vítimas do coronavírus, com o governo, aqui, também sendo acusado de falta de transparência.

Além disso, a federação mais uma vez acusa a administração federal de tentar sucatear os Correios, investindo em desmontes que serão usados para justificar uma privatização. A empresa está na lista de possibilidades desde o início do governo Jair Bolsonaro, em 2019, com os conflitos entre a empresa e seus sindicatos de funcionários se intensificando na mesma medida em que propostas são apresentadas para conter o rombo de R$ 2,4 bilhões nas contas da estatal.

A greve, se confirmada, vem em um momento crítico para o comércio eletrônico brasileiro, que passa por alta história desde março, quando começou o estado de isolamento social por causa do coronavírus. De acordo com dados da Neotrust, houve aumento de mais de 32% nas compras online apenas nos primeiros três meses deste ano, enquanto a pandemia ainda estava em seus primeiros dias.

Equilíbrio financeiro

De acordo com os Correios, o novo acordo coletivo que está sendo rejeitado pela categoria bem como uma forma de preservar a sustentabilidade da estatal e recuperar o déficit registrado ao longo dos últimos anos. Além disso, a estatal nega que os benefícios dos funcionários estejam sendo reduzidos e diz que a proposta aproxima a categoria do que é previsto pela CLT, algo que é recomendação, também, da Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (SEST).

Entre as propostas feitas pelo governo estão reduções no bônus de férias (de 2/3 para 1/3 do salário), no adicional noturno e nos períodos de licença maternidade. Além disso, o Vale-Cultura e pagamentos de multas e benefícios extras dados no final do ano seriam extintos, gerando o que a administração federal afirma ser uma economia de, pelo menos, R$ 600 milhões, capaz de cobrir o déficit nas contas dos Correios em alguns anos.

Os Correios dizem que não estão descumprindo a lei e afirmam que as mudanças são necessárias diante do atual estado da companhia e do país. Além disso, a estatal negou a ausência de equipamentos de proteção individual para funcionários e agências, mas não divulgou o total de colaboradores contaminados com o coronavírus desde o início da pandemia.

INFOMONEY

1 Comentário

Joana

ago 8, 2020, 2:54 pm Responder

Não acredito. Logo os Correios, cujos funcionários apoiaram um governo contra os trabalhadores fazendo greve? Parabéns pela escolha de vcs. Ajudaram colocar essa tragédia no Brasil. Sejam felizes. Desta vez sou obrigada apoiar Bolsonaro.

Escreva sua opinião

O seu endereço de e-mail não será publicado.