Futuro requer inclusão digital e novo modelo de ensino

Foto: Cedida

Reunindo autoridades empresariais, políticas, especialistas em educação, gestores e estudantes, a 39ª edição do seminário “Motores do Desenvolvimento do Rio Grande do Norte” colocou a educação no centro do debate apontando que, para repor as perdas que foram ampliadas com a pandemia, será preciso mais investimento em todos os níveis, mudança no planejamento pedagógico para diagnosticar as deficiências e acompanhar a recuperação das habilidades e competências dos estudantes, além de um novo olhar para inserir as novas tecnologias no ensino, utilizando-se dos aprendizados que o ensino remoto trouxe, inclusive a necessidade de reduzir as desigualdades, dando acesso à era digital a todos os alunos.

Com o tema central “O Futuro da Educação e da Ciência no Pós-Pandemia”, o seminário foi realizado no Hotel Barreira Roxa, na última segunda-feira (22), pelo Sistema Tribuna do Norte, Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte – FIERN, Sistema Fecomércio, Universidade Potiguar (UnP) e RG7 Salamanca Investimentos, com apoio do Governo do Estado e da Neoenergia Cosern.
A utilização de ferramentas digitais no ensino remoto foi apontada pelos participantes como uma rica herança que a pandemia vai deixar, contudo, a governadora Fátima Bezerra destacou que ainda falta dar garantir o acesso a esse legado.

“A exclusão digital ficou escancarada durante a pandemia que mostrou a dificuldade de acesso dos estudantes. É bom que se reflita que essa combinação do ensino presencial com o remoto veio para ficar. E acho que a reflexão cabe no sentido de entendermos que esse seja um dos legados mais importantes do pós pandemia. Daí a necessidade imperiosa de valorizar a educação a ciência, a tecnologia e a inovação”, defendeu Fátima Bezerra na abertura do evento. Ela anunciou investimentos da ordem de R$ 70 milhões para levar banda larga às escolas em 2022.

O reitor da UFRN, José Daniel Diniz, enfatizou que a pandemia diexou importantes perdas na educação, seja no ensino básico ou superior e que não se pode pensar nos dois níveis separadamente. “Sabemos que a educação é o mais importante vetor para a redução das desigualdades sociais e econômicas e para o desenvolvimento sustentável de qualquer país e a responsabilidade social de cada um de nós indica que não podemos abrir mão do nosso futuro“, disse ele.

Rumos da educação

Além de avaliar o que foi e está sendo feito durante a pandemia dentro do sistema de ensino, seja público ou privado, especialistas também apontaram os rumos que a educação poderá seguir para reduzir as perdas. Nesse novo momento, a aprendizagem requer novas formas de organização do pensamento, com a saída da disciplina para o pensamento em rede, das conexões, de descobertas. Esse modelo foi defendido pela vice-presidente Acadêmica da Ânima, Denise Campos.

“Ao invés de nos organizamos no sentido de disciplinas, de alguma maneira, vamos trazer pra pauta as questões do on demand, das nanoddegrees, do espírito de laboratório, que é mais ou menos estudar por nano ou minicursos que tenham começo meio e fim e competências claras a serem desenvolvidas nas três dimensões do conhecimento. E a diplomação, ou o curso, é um conjunto de certificações que permita uma agilidade no ingresso no mundo do trabalho”, pontuou a educadora.

Denise Campos também apontou a necessidade da inclusão digital. “O uso de tecnologias estará presente nos ambientes virtuais e presenciais. Então, antes de mais nada, é preciso focar nas questões de discussão de acesso”, reforçou ela.

Da mesma forma, o presidente da Associação Nacional das Instituições Federais de Ensino (Andifes), Marcus Vinícius David, endossou que é preciso tornar perenes algumas tecnologias remotas que já estão sendo operadas no sistema de ensino. “Precisamos ser capazes de utilizar tecnologias, mas ao mesmo tempo resguardar a presencialidade no processo de aprendizagem”, frisou.

Ele disse ainda que o retorno das aulas presenciais vai gerar desafios econômicos, pedagógicos e  comportamentais na comunidade acadêmica. “Não é só mandar os alunos de volta para as salas de aula. Tivemos legados da experiência remota que estamos discutindo a incorporação de forma perene e não podemos abrir mão dessas tecnologias. Então, precisamos fazer uma adaptação para o amplo retorno das atividades presenciais”, declarou  Marcus Vinícius.

Todas essas questões passam pelo viés da governança. Nesse aspecto, o ex-ministro da Educação, Luiz Henrique Paim, enfatizou que a gestão na educação é complexa devido a autonomia de cada ente, e, por isso, a União precisa estar apoiando para que esses entes respondam à temática e aos desafios da educação básica. 

“Precisa orientar e coordenar, sendo responsável também pelo sistema federal e regulador do sistema privado. Todo esse papel precisa ser mais claro, orgânico, funcional e colaborativo. Quando falamos de governança e futuro da educação, com os efeitos da pandemia, há uma série de aspectos que precisam ser colocados, dada a desigualdade social. Precisa pensar em reduzi-la”, disse Paim. Veja aqui as avaliações dos palestrantes do Motores do Desenvolvimento do RN sobre o tema debatido.

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