Igreja Universal diz ‘curar HIV’ com orações e revolta ativistas: “Isso é uma ofensa”

Uma postagem feita no perfil oficial da Igreja Universal do Reino de Deus na qual afirma que um casal soropositivo abandonou o tratamento para o HIV e se curou após entrar para uma corrente de orações vem causando revolta em ativistas pela conscientização sobre a doença. A defesa da religião como cura para o vírus é apontada por eles como “um crime”, “um desserviço” e “uma afronta à ciência”. O Fórum de ONG/Aids de São Paulo (Foaesp) protocolou uma denúncia sobre o caso junto ao Ministério Público Federal (MPF) para averiguar os crimes que podem ter sido cometidos.

“É uma irresponsabilidade. Um ato criminoso e irresponsável. Uma afronta à ciência. Um desserviço. Trabalho com Aids desde 1993, quando meu irmão se infectou. Sempre tratamos do tema com muita responsabilidade. Como ativista, me sinto absolutamente desrespeitada. Estão sendo parceiros da morte e não da vida”, afirmou a jornalista Roseli Tardelli, diretora da Agência Aids, portal dedicado a notícias sobre a doença.

Para ela, esse tipo de conteúdo numa rede social pode fazer com que pessoas que tenham dificuldade com os medicamentos ou não aceitem a doença abandonem o tratamento.

“Existem três casos de cura no mundo. A forma são ações com transplantes de medula. O resto é medicamento com tratamento multidisciplinar”, frisou Roseli.

O poeta e ativista de direitos humanos Ramon Nunes Mello também classificou a postagem como criminosa:

“Prometer cura para a Aids através de oração, colocando um casal como propaganda é crime. Estamos em 2022 e o estigma da Aids ainda permanece. A Igreja Universal deveria ser responsabilizada pelo Ministério Público por charlatanismo e curanderismo e ser obrigada a fazer palestra em prol de adesão ao tratamento de HIV/Aids, a única forma cientificamente comprovada de combater o vírus”.

Ele destacou que quando se depara com um caso como esse se sente como se estivesse voltando no tempo.

“Tenho a sensação de viver no início da epidemia, nos anos 80. Não podemos nos calar, isso é uma ofensa a nós que vivemos com HIV. Se alguém decide parar de tomar a medicação para rezar, se responsabilize por sua saúde. O que não pode é uma instituição religiosa incentivar essa prática e prometer cura”, disse.

A postagem no perfil da Universal foi feita na última terça-feira. Nela, há duas fotos: de um casal, identificado como Manoel e Rosemeire, na praia, e outra do homem deitado num leito hospitalar. O texto diz que os dois não aceitaram o tratamento e cita que “o tempo de milagres não acabou”. E finaliza: “Você também precisa de uma cura que é impossível para a medicina? A sua fé pode fazer o milagre acontecer, participe da Corrente dos 70, em uma Universal mais próxima”.

1 Comentário

A.P. de Araujo

fev 2, 2022, 8:16 pm Responder

Quem não cura é ativista, aliás, na minha opinião, esses aí não servem pra nada.
Deus cura, quem cura não é a oração em si, quem cura é o poder de Deus.
A própria palavra de Deus diz: Tudo é possível aquele que crê.
Não sou adepto, a igreja universal, mas sei que qualquer pessoa é qualquer doença pode ter cura, basta vc exercer a sua fé e Deus , o nosso pai do céu querer.
Eu sou testemunha viva do milagre de Deus, quando sai do leito de uma UTI, quando aos olhos da medicina não tinha mais cura.
Deus é bom e pode tudo, basta vc crê.

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