iPhone 12: falta do carregador não será o único desafio da Apple para as vendas

O lançamento do novo iPhone 12 pela Apple fez jus às promessas anteriores da empresa: de fato, o celular será o mais veloz já produzido pela empresa. Com um processador mais potente (o A14 Bionic) e a conectividade com o 5G, a velocidade dos novos smartphones será, de fato, acima de tudo o que já foi apresentado. Mas talvez isso não seja o suficiente para alavancar as vendas da empresa.

A começar pela falta do carregador, que vai encarecer ainda mais os celulares (que já não são nada baratos). Os novos iPhones têm preços que vão de US$ 699 (iPhone 12 mini) até US$ 1099 (iPhone 12 Pro Max). É verdade que o custo do cabo de carregamento não é tão alto assim (US$ 19 nos EUA e a partir de R$ 149 no Brasil), mas não deixa de ser mais uma barreira de entrada.

E essa mudança acontece em um momento mais complicado da economia global desde 2008: é o primeiro iPhone, desde o iPhone 3G (o segundo a ser lançado), que vai encontrar uma economia global em situação complicada.

O celular foi lançado no início da crise do subprime nos Estados Unidos (um pouco antes da quebra do banco americano Lehman Brothers). A diferença é que, naquela época, se tratava de uma grande novidade.

Agora, no entanto, muitos consumidores começam a se perguntar se, de fato, vale a pena ficar trocando de smartphone todos os anos. As novidades lançadas valem o preço? E todo o lixo eletrônico produzido com essa troca incessante não é uma preocupação?

Esse, aliás, foi o argumento da Apple para retirar o carregador da caixa que virá o celular. Como os carregadores de gerações anteriores podem ser usados, não justificaria colocar mais um no pacote, segundo a companhia presidida por Tim Cook. Mas essa medida específica em prol da sustentabilidade pode ter um efeito pesado para a empresa.

“Estão comprando uma briga gigantesca porque isso dificulta a migração de clientes de outras marcas para a Apple”, diz Carlo Pereira, diretor executivo do Pacto Global da ONU no Brasil. “Pode ter gente pensando em migrar para outras marcas.”

Concorrência

Segundo dados da consultoria IDC, a Apple fechou o segundo trimestre de 2020 com uma participação de mercado de 13,6%, atrás da Samsung (19,5%) e da líder chinesa Huawei (20,2%). Ou seja, essa decisão do carregador pode não ser positiva na questão direta da concorrência.

E ainda de acordo com a consultoria, o mercado de smartphones deve ter uma redução de 9,5% em 2020. A Covid-19, claro, tem um impacto direto nisso, mas a questão de lançamentos que não trazem tantas novidades assim também pesa.

Uma coisa que pode mudar de vez o mercado é o 5G. Afinal, com a nova geração de internet móvel, novas tecnologias poderão ser utilizadas de maneira mais escalável, como carros autônomos, internet das coisas, entre outros.

É aí o que o iPhone quer se destacar. O destaque dos modelos premium foi a inclusão do sensor LiDAR, que usa pulsos de laser para medir a distância entre objetos. A tecnologia é conhecida por ajudar na orientação de carros autônomos.

A Apple disse que vai usar a tecnologia para melhorar o posicionamento de itens projetados com realidade aumentada. O que isso vai influenciar, de fato, na vida do ‘consumidor comum’ é um mistério. Obviamente que, no futuro, isso possa mudar.

“Eu não vi nenhuma tecnologia de ruptura, que dá um salto de geração. Há melhorias de design, questões de tamanho, mas não há uma mudança de paradigma”, diz Pedro Waengertner, co-fundador da consultoria ACE Startups.

Porém, a concorrência está logo atrás deles. Os celulares chineses, como os da Huawei e o da Xiaomi, ganham cada vez mais adeptos – e também tiram o sono dos sul-coreanos da Samsung. Porém, quando chegar o 5G, é capaz que o jogo comece tudo de novo.

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