Lajes lamenta a saída de Dr. Daywison Thales; Médico “forrozeiro” atenderá agora em Caicó, sua cidade Natal

Essa é a última semana do Dr. Daywison Thales como médico da UBS Joca Martins, em Lajes Pintadas-RN. O médico, que atua naquela cidade desde abril de 2020, voltará para sua casa, Caicó, onde atenderá também na atenção básica, seguindo a programação da Residência de Medicina de Família e Comunidade da UFRN. A cidade é um pranto só com o anúncio de sua saída.

O médico forrozeiro é famoso por sua alegria diante dos palcos,. Ele atua também como triangulista e cantor de um grupo de forró pé de serra, conhecido como Trio Medicó, que anima desde festas de amigos a eventos de médio porte em cidades do Seridó, especialmente em Caicó. Além das duas atividades já mencionadas, Dr. Daywison também exerce a função de policial.

DAYWISON CONCEDEU ENTREVISTA

O Diário Lajespintadense conversou com exclusividade com o Dr. Daywison sobre esses quase dois anos aqui na nossa cidade, sua volta para Caicó e seus planos para o futuro.

DL: Boa noite, Dr. Daywison. Quase dois anos em Lajes Pintadas, não é isso? Agora voltando para sua cidade. Fale para a gente um pouco disso tudo. Como você decidiu isso?

Dr. Daywison: Boa noite, amigo Paulo Gomes. É isso mesmo! Em abril eu completaria dois anos atuando como médico do postinho da zona urbana aqui de Lajes. No ano passado eu passei para essa especialização médica de MFC, mas não assumi a vaga. Agora passei de novo e, dessa vez, vou assumir, voltando para Caicó, minha terra.

DL: Então, para deixar claro, a sua saída não é motivada por nenhum problema relacionado ao trabalho, não é isso?

Dr. Daywison: Não, não! Pelo contrário. Acho que está tudo bem. Pelo menos da minha parte está [risos]. Vou pela residência. E também tem outra coisa, amigo Paulo: Cara, eu sempre quis fazer pelo meu povo, pelo povo de Caicó, o que eu faço aqui, pelos lajespintadenses. Sempre que eu acho que estou fazendo um bom trabalho, cuidando das pessoas daqui, eu penso que, para mim, seria muito gratificante fazer a mesma coisa pelo meu povo.

DL: Então, no geral, você gostou do seu trabalho aqui em Lajes. Fale um pouco sobre essa experiência.

Dr. Daywison: Gosto sim. Gosto muito. Eu vim para cá recém-formado, ainda na gestão de Preta. Aproveitar e deixar um beijão para ela. Aqui eu aprendi muito. E me apeguei ao povo, fiz amigos, ganhei presentes… [risos] Paulo, me deixe contar uma história engraçada. Quando eu era aluno de medicina, atendi uma paciente lá em Caicó que se dizia fã de Dr. Valdemar, médico lá da minha cidade, e que tinha uma foto dele na estante dela. Olha só! [risos] E eu disse para meus colegas “eu só sossego quando eu tiver uma paciente que goste de mim a ponto de ter uma foto minha em casa”. Pois eu consegui! Minha querida D. Rita, Rita do posto, como é mais conhecida. D. Rita não só tem uma foto comigo em sua estante como toda quinta-feira, dia de visita domiciliar, ela prepara para mim um verdadeiro banquete no café da manhã. Agora é toda quinta-feira. Sagrado! [risos]

DL: Tem alguma história que marcou mais e que você possa nos contar?

Dr. Daywison: Hum… Acho que os dois partos que eu fiz. O parto de Buguinha, feito nessas nossas ambulancinhas a caminho de Natal e o parto na UBS, que virou até matéria do Diário Lajespintadense. [risos] Foi sucesso aquela reportagem, viu? [após uma breve pausa, ele volta a falar, mas agora com um tom mais sério] E eu acho que os nascimentos são uma parte maravilhosa do meu trabalho. Acho que compensa as perdas, as mortes, entende? Lidar com a morte não é muito legal, não, sabe? Eu perdi tantos pacientes… D. Josefa, D. Expedita, D. Livramento… D. Salete… Mais recentemente teve Seu Arnor, D. Livramento… Ah! A loirinha da rua das juremas, D. das Dores… 94 anos. Era tão alegre quando eu ia visitá-la… Seu Nelson Borges… Enfim, muitos. E isso é muito triste. Quer queira, quer não, a gente se envolve também… Aí quando nascem os bebezinhos das mães que eu fiz o pré-natal é aquela alegria. É disso que eu falo quando digo “compensar”: alegrias que ajudam a superar as tristezas. Pelo amor de Deus, não me entenda mal. Ei, eu estou falando demais, né? Qualquer coisa você corta, né? [risos]

DL: Não tem problema, meu amigo. Aproveite e, se tiver mais algumas considerações, pode ficar a vontade.

Dr. Daywison: Agradeço demais o espaço do DL, Paulo, e quero sim! Quero falar mais algumas coisas. Começar agradecendo a toda equipe da saúde de Lajes Pintadas. Fui muito bem recebido aqui desde o meu primeiro dia e acho que fizemos um ótimo trabalho nesse período todo. Não dá pra deixar de destacar meus enfermeiros da urgência: Cidinha, Erika, Ilana, Natanael e meus técnicos: Ravellis, Mariana, Lidiane, Raimundinha… Eu citei alguns nomes, mas todos – todos são competentíssimos. Não tenho nada do que reclamar desse pessoal. Sim… Pelo amor de Deus! Não posso esquecer as minhas veas: [risos] Mena e Maria Ferreira.

DL: Essas são especiais, não são, Doutor?

Dr. Daywison: São sim! [risos] eu as chamo de “as minhas veas”. Passo o dia todinho arengando com elas. E a gente ri e elas me batem… É uma cachorrada só. “Mena!” “Ferreira!” Eu grito da minha sala. E elas respondem no mesmo tom “Já vou!”. A gente ri muito dessas bobagens. Vou sentir falta das minhas veas. Paulo, me deixe terminar, senão passo a noite toda falando. [risos]

DL: pode ficar a vontade, Doutor.

Dr. Daywison: Quero deixar um beijão para um anjo que tem nessa cidade: a minha queridíssima Claudejane. Como é que uma pessoa é maravilhosa daquele jeito, hein? Não é a toa que está como vice-prefeita dessa cidade. Falando nisso, deixar também meu muito obrigado ao prefeito Luciano e ao meu amigo Moisés, secretário de saúde e dizer que eles estão, sim, fazendo um maravilhoso trabalho. Na verdade eu sou impressionado como o prefeito Luciano está fazendo tanta coisa em tão pouco tempo. Isso é bom. Torço por Lajinha. Bom… Então é isso. Um beijo grande e já cheio de saudade para todos os meus pacientes e amigos aqui de Lajes Pintadas e… Vou sentir saudade. Mas estou saindo do postinho, o que não me impede de voltar aqui para um ou outro plantão, ? Beijão para todo mundo. Brigadão, Paulo. Fotos: arquivo pessoal!

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