Maia diz que reação de Bolsonaro à pergunta de repórter foi ‘desproporcional’

Foto: Adriano Machado/Reuters 

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), classificou nesta segunda-feira (24) como “desproporcional” a reação do presidente Jair Bolsonaro no domingo (23), que disse ter vontade de agredir um repórter do jornal “O Globo” após ser questionado sobre os depósitos feitos pelo ex-policial militar Fabrício Queiroz na conta da primeira-dama, Michelle Bolsonaro. “A vontade é encher tua boca com uma porrada, tá? Seu safado”, disse Bolsonaro diante da insistência do jornalista.

Maia reconheceu que “muitas vezes as perguntas que vocês [jornalistas] fazem a cada um de nós… a gente não gosta e fica com raiva. É da natureza humana”. “Agora, não cabe uma reação desproporcional como a do presidente ontem”, declarou em entrevista à rádio Gaúcha.

“A gente tem que entender que as nossas liberdades – a liberdade individual, de imprensa de expressão, religiosa – todas elas têm importância fundamental em qualquer civilização, sociedade. Não podemos nos esquecer disso. Então, uma frase com esse impacto, vinda do presidente do Brasil, a figura mais importante da política brasileira, certamente gera impacto muito negativo interna e externamente”, completou o democrata.

Maia disse ainda que espera “que o episódio de ontem não se repita”. “Não é bom, não ajuda, vai criando tensionamento”.

O deputado também comentou os ataques públicos que já sofreu do presidente e que cessaram nos últimos meses. “Os últimos 63 dias foram muito positivos para o Brasil.”

Ele se recusou a falar sobre os repasses de Queiroz a Michelle e alegou que o caso deve ser tratado pela justiça. De acordo com Maia, o tema não poderia levar a um pedido de impeachment de Bolsonaro porque não tem relação com o mandato atual.

“Não tem nenhuma relação uma coisa com a outra. O crime de responsabilidade [para levar ao impeachment] é cometido pelo presidente durante o exercício do mandato da Presidência da República.”

Além disso, continuou o deputado, “eu acho que não é o momento de avaliar os pedidos” de impedimento.

“Não acho que o impeachment possa ser um instrumento usado a qualquer momento. Tem que ser pensado com calma, avaliar o momento adequado. Eu falei que não queria mais uma crise na política brasileira. Não podemos tirar o foco daquilo que é fundamental neste momento”, afirmou ao se referir ao enfrentamento da crise sanitária, social e econômica causada pela pandemia de Covid-19.

CNN BRASIL

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