Mercado da construção civil aquece em Natal

Foto: Adriano Abreu

Estoque pequeno, demanda reprimida, pressão nos preços de venda, programa federal Casa Verde e Amarela e a revisão do Plano Diretor de Natal (PDN) soam, neste momento, como um bom augúrio para os participantes do mercado de construção em Natal e municípios vizinhos.

Aliado a este cenário, o mercado de trabalho está começando a reagir, como foi sinalizado pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de setembro,  nesta semana. Segundo o Caged, foram criadas no setor 1.028 vagas, o maior destaque na indústria local. Dado o panorama citado acima, os gestores reforçam: se adiarem muito as compras, os interessados em imóveis não terão as mesmas condições de negociação de agora. 

É o que pensa Wescley Magalhães, gerente da construtora Moura Dubeux. Ele mesmo foi surpreendido pela maneira rápida como compradores se interessaram por um empreendimento lançado recentemente, o condomínio “Olhar das Dunas”, na Rua da Saudade, Lagoa Nova. “Não lançávamos nada em Natal desde 2015 e, para a nossa surpresa, o mercado reagiu muito positivamente”, diz ele. As obras foram iniciadas há três meses e a expectativa é de que o primeiro pavimento do empreendimento esteja pronto em dezembro. A Moura Dubeux é focada em construir apartamentos para as faixas de renda A e B, mas a empresa estuda atuar em faixas mais populares, o que ela já faz em estados vizinhos. 
Um segundo empreendimento foi  lançado há 45 dias, Les Amis, também Lagoa Nova, nas proximidades das avenidas Jaguarari com Amintas Barros. Magalhães observa que, mesmo com o PDN em processo de revisão, os dois projetos já estão contemplados dentro do plano de negócios da empresa. 
“É claro que, quando falamos em lançamentos hoje, a noção é bem diferente do que acontecia há alguns anos, seja em função do perfil do consumidor ou da própria pandemia”, pontua o gerente. Ou seja, os projetos dos edifícios residenciais, de uma maneira geral mudaram, seja a proposta arquitetônica, ou pelos serviços que ele oferece. Ele diz ser mais comum existirem, nos prédios, áreas para co-working e salas de reuniões em virtude de as pessoas começarem a trabalhar de casa. “Essa mudança veio em definitivo. Mesmo que o isolamento social cesse, as pessoas continuarão adotando essa modalidade de trabalho”, afirma. 
Outra adaptação implementada nos projetos é a tecnológica. Aumenta a tendência de serem instaladas fontes de carregamento de energia nas garagens por causa do advento dos carros elétricos. Além de itens como fechaduras eletrônicas nas portas, reconhecimento facial na recepção e mais uma cesta de tecnologia e comodidade que não era visto até então. 
“Esse é o desafio e a grandeza dos nossos empreendimentos. Fazer, permanentemente, um exercício de futurologia. Até porque os ciclos de nossos projetos são longos, projetos agora  serem entregues três ou quatro anos à frente”, declara. 
Assim como a maioria das construtoras em Natal, a Moura Dubeux não possui apartamentos ociosos, estoque de empreendimentos passados. A situação é um resquício da recessão dos anos 2015 e 2016, reforçada pela   menor atividade econômica durante o isolamento social em decorrência da pandemia de covid-19. Nos três últimos anos, as empresas passaram a se voltar para outros tipos de projeto, como lotes em condomínios fechados. Hoje, a Grande Natal tem uma carência de apartamentos. 
“Tudo isso deixa o mercado  natalense com um grande potencial e, certamente irá se reverter em oportunidades de renda para construtoras, empregos para o trabalhador da construção civil e bons negócios para o consumidor. As pessoas que planejarem comprar imóveis daqui a seis meses podem não conseguir como nas condições atuais”, finaliza Magalhães. MRV deve lançar 1.215 unidades nos próximos meses
A ressignificação do lar na pandemia e a permanência das taxas de juros em um patamar baixo nos últimos meses fizeram com que o mercado de construção vivesse agora um momento postivo, diz o gerente de vendas da cconstrutora MRV no RN, Bruno Magalhães. “Esse cenário fez com que o grupo MRV aumentasse sua receita em 4,4% nos primeiros nove meses de 2021, quando comparado com o mesmo período do ano passado, resultando em receitas de R$ 5,7 bilhões no período”, afirma o gerente. A expectativa para os próximos meses é lançar 1.215 unidades.
Em termos relativos, o desempenho da construtora no RN foi melhor do que a média nacional. As vendas foram 13% maiores, de janeiro da setembro deste ano, do que o mesmo período do ano passado. O que impulsionou a performance foram os lançamentos de 1.248 unidades, em empreendimentos como o Torres dos Potiguaras, na Cidade Satélite, formado 336 unidades de dois quartos, que podem ser adquiridas a partir de R$ 180 mil. 
Bruno Magalhães diz que RN é considerado um importante mercado para a companhia, pois há grande demanda e potencial de crescimento. “Hoje, um em cada 60 milhões de pessoas do Estado mora em um de nossos 18 empreendimentos nas cidades de Natal e Parnamirim, que somam mais de oito mil unidades”, enumera. 
 A construtora se prepara para lançar ainda este ano o La Playa Residence, em Ponta Negra, que terá 120 unidades. E três condomínios estão em construção: o Nova Amsterdã, em Cidade Satélite, Norte Boulevard Residencial e Norte Plaza Residencial, ambos na zona Norte.

Escreva sua opinião

O seu endereço de e-mail não será publicado.