Ministério Público diz que já investiga ‘fantasmas’ da Assembleia Legislativa do RN

Foto: Divulgação G1
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O Ministério Público do Rio Grande do Norte já investiga 22 pessoas suspeitas de serem “funcionários fantasmas” da Assembleia Legislativa potiguar. Parte dessas investigações surgiu após o lançamento do novo Portal da Transparência da AL revelou a existência atualmente de 3.181 servidores. Destes, apenas 552 são efetivos, sendo 173 aposentados ou pensionistas. Outros 51 são cedidos de outros órgãos e os demais 2.592 (o equivalente a 81,4%) são funcionários indicados pela Mesa Diretora ou deputados.

Os 22 possíveis ‘fantasmas’ são investigados em 18 inquéritos civis instaurados nas cinco Promotorias do Patrimônio Público de Natal. “Após a divulgação do Portal da Transparência através de uma ação movida pelo MP, surgiram mais denúncias de possíveis servidores que recebem seus salários sem trabalhar. E as Promotorias do Patrimônio Público estão preparadas para receber mais denúncias. Tudo será devidamente apurado”, falou o procurador-geral de Justiça, Rinaldo Reis. “À primeira vista, há muitos cargos na Assembleia Legislativa. É desproporcional a quantidade de servidores comissionados em relação aos efetivos”.

Rinaldo Reis disse que a PGJ vai analisar a constitucionalidade das leis e normas que criaram os cargos e gratificações na Assembleia. “À primeira vista, há muitos cargos na Assembleia Legislativa. É desproporcional a quantidade de servidores comissionados em relação aos efetivos. Essa atribuição de investigação cabe à Procuradoria Geral de Justiça, assim como vamos apurar se há envolvimento de deputados em repasses ou pagamentos irregulares”, ressaltou.

O procurador lembrou que o Ministério Público, entre os anos de 2008 e 2009, ajuizou 20 ações diferentes contra quase 200 pessoas que se tornaram servidores efetivos da Assembleia sem concurso público. A maior parte desses processos está no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Nove delas, por determinação do STJ, serão julgadas pelo Poder Judiciário potiguar. “Lutamos para que todas sejam julgadas aqui. Nessas ações, pedimos a anulação dos atos que, de forma irregular, efetivou essas pessoas”, disse Reis.

Pressionado pela repercussão negativa e exigência da sociedade por uma medida dura e urgente, o presidente da Assembleia Legislativa, Ezequiel Ferreira (PMDB), prometeu limpar os “fantasmas” do Palácio José Augusto.

Ele disse que até o final da semana vai cortar cerca de 700 cargos comissionados.

Garantiu também que até o final do ano convocará os aprovados no concurso público realizado em 2013. Ao todo, foram disputadas 85 vagas, mas apenas 20 aprovados foram chamados até então.

O presidente, porém, diz que a sua decisão não ocorre em razão dos manifestos contra o alto número de comissionados divulgado há um mês pelo Portal da Transferência da Assembleia Legislativa. Segundo ele, decorre de medida que já havia sido tomada durante o planejamento estratégico defino ainda no ano passado.

Ezequiel Ferreira ressaltou, no entanto, que é preciso entender e respeitar o clamor social pelo equilíbrio dos gastos públicos. “E isso é legítimo. Ser capaz de transformar a Assembleia em um órgão mais eficiente como exemplo na área pública não é tarefa pouco laborosa. E esta Casa tem sido colocada em xeque por parte da sociedade, que lhe exige respostas. E não vamos nos furtar”, frisou.

Embora Ezequiel tenha dito que não as pressão não foram a razão das medidas que ele promete adotar, o fato é que a repercussão negativa dos “fantasmas” na Assembleia Legislativa revoltou a sociedade, com repercussão em todos os segmentos.

Nas redes sociais, as críticas são duras e contundentes, principalmente quando são citados nomes de “fantasmas” que sequer residem no Estado e outros que nunca visitaram Natal, onde está sediada a Casa Legislativa.

Na manhã desta terça-feira, antes do pronunciamento de Ezequiel, manifestantes ocuparam a frente do Palácio José Augusto, fantasiados de “fantasmas” e com faixas em protesto ao desperdício do dinheiro público.

Também hoje o Tribunal de Contas do Estado (TCE-RN) decidiu investigar o rumoroso caso.

Já a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) anunciou que vai acionar a Justiça para que, além da exoneração os “fantasmas” devolvam o dinheiro recebido de forma ilegal. (LEIA AQUI)

1 Comentário

Inácio Auguto de Almeida

mar 3, 2016, 6:29 am Responder

Este dinheiro tem que ser devolvido aos cofres públicos. Chega de pagar ICMS aloprado para manter tantas sinecuras.Não vou falar em punição de culpados porque sei que neste país de leis frouxas somente vai para a cadeia o ladrão de sabonete em supermercado ou o coitado que deixou de pagar a pensão alimentícia. Os que têm dinheiro para bons advogados recorrem e ficam rindo de todos nós. Basta lembrar o que acontece no SAL GROSSO, onde condenados por prática de improbidade recorreram e continuam exercendo cargos eletivos, inclusive votando leis. Em que país do mundo um condenado por prática de improbidade pode votar leis?
Até carta aberta ao Presidente do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte já publiquei, a carta pode ser lida neste blog, e nem notícia de quando vão ser julgados os recursos SAL GROSSO. Notícia temos de que condenados já se encontram em campanha buscando reeleição tão certos estão da prescrição do SAL GROSSO. E eu fico a me perguntar para que serve a tal FICHA LIMPA?
Entendem por que não clamo por punição aos responsáveis por este rasga rasga do nosso dinheiro?

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