Ministro admite que só terão recursos liberados governadores que apoiarem reforma

Assim, sem rodeios e num jogo claro de toma lá, dá cá, o ministro da articulação política do Palácio do Planalto, Carlos Marun, admitiu que o governo está condicionando a liberação de recursos da Caixa Econômica Federal a governadores que apoiarem a reforma da Previdência.

O cálculo é simples: sem verbas em caixa para liberar emendas e convencer os parlamentares a aprovarem mudanças no regime previdenciário num ano eleitoral, o governo decidiu “comer pelas beiradas”: agrada os governadores e, estes sim, fazem o papel de convencer suas bancadas na Câmara a aprovarem o texto.

Na tarde dessa terça-feira, Marun se reuniu com o presidente Michel Temer para apresentar um panorama da votação da reforma da Previdência. Jura que não tem números, mas também não tem dúvidas de que a proposta passa em plenário em 19 de fevereiro.

O uso de liberação de recursos da Caixa como moeda de troca foi denunciado pelo governador de Sergipe, Jackson Barreto, do PMDB, mesmo partido de Temer e Marun. O ministro da Secretaria de Governo nega que seja chantagem o que vem sendo proposto aos governadores que pedem ajuda ao governo para salvar suas contas. Mas admite que só terão “reciprocidade” aqueles que votarem como quer o presidente Temer. Quem não ajudar, não leva.

“Nós realmente estamos conversando com os governadores que tem financiamento para serem liberados para que nos ajudem a provar esta reforma. Até porque aqueles parlamentares ligados a esse os governadores, obviamente em função das ações que serão resultado desse financiamento, terão aspectos eleitorais positivos. Então que queremos que os governadores nos auxiliem na aprovação da reforma.”

Nesta quarta-feira, Carlos Marun e Michel Temer voltam a se encontrar para tratar da reforma da Previdência. Desta vez participam do encontro o relator da proposta na Câmara, Arthur Maia, do PPS da Bahia, e o presidente da Casa, Rodrigo Maia, do DEM do Rio de Janeiro.

De Brasília, Hédio Júnior

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