No Brasil, mulheres representam apenas 12% na Polícia Militar

Apenas 12% do efetivo da Polícia Militar de todos os estados é formado por mulheres. São 357.501 pessoas do sexo masculino e 46.180 do sexo feminino entre praças e oficiais, segundo dados da Pesquisa Perfil das Instituições de Segurança Pública.

A pesquisa é da Secretaria Nacional de Segurança Pública) do Ministério da Justiça e Segurança Pública (Senasp). Publicada desde 2014, pela primeira vez está sendo disponibilizada através de um painel com os seguintes temas: efetivo, estrutura, atividades, equipamentos e capacitações.

Na avaliação de especialistas, essa diferença representa um problema e tem como uma das justificativas a limitação de vagas para mulheres em concursos públicos em alguns estados.

A maior diferença está no Ceará, onde as mulheres representam 4% do total do efetivo com apenas 782 mulheres policiais. Em seguida está o Pará com apenas 6% do efetivo formados por pessoas do sexo feminino, ou seja 974 integrantes. Já nos estados do Piauí, Mato Grosso, Santa Catarina e Paraná o efetivo feminino corresponde a 8% do total.

Natália Pollachi, gerente de projetos do Instituto Sou da Paz, afirma que um dos fatores que levam a essa realidade é já na seleção dos candidatos nos concursos públicos. Em alguns estados, existe cota máxima de 20% para a aprovação de mulheres.

“Outro argumento usado pelas corporações para chamar menos mulheres seria a falta de equipamentos menores, como coletes balísticos, pistolas. São justificativas que não fazem sentido. Como os equipamentos são de uso individual, diante de uma nova turma haveria a necessidade de apenas fazer uma compra adequada”, afirma.

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Para Jacqueline Sinhoretto, professora da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), outra justificativa do poder público para essa diferença é que a profissão requer força física. Na sua visão, esse pensamento é equivocado, porque o trabalho do policial deveria ser de inteligência e técnica na maior parte das vezes. Acrescenta ainda que não existe um trabalho que não possa ser realizado por mulheres.

“O trabalho da polícia requer inteligência, é perceptível que quanto maior o nível de escolaridade exigido nos concursos públicos, maior o número de mulheres. Elas conseguem ter um desempenho melhor quando as provas são de conhecimento específico”, relata.

A gerente de projetos do Instituto Sou da Paz diz acreditar ser necessário aumentar a participação de mulheres nas forças de segurança, inclusive, nas esferas de decisão para que se possam evitar injustiças, garantir atendimento a problemas específicos e, gradualmente, eliminar as dinâmicas de violência pautadas pelo gênero. “No Brasil não há políticas afirmativas, mas editais com cotas máximas para mulheres, essa realidade precisa ser mudada”, destaca.


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