O drama de Andreas von Richthofen, irmão de Suzane

O rapaz cuja irmã matou os pais, em um dos crimes mais famosos do País, vive um novo pesadelo. Encontrado sujo e sozinho, mostra, infelizmente, que não escapou do peso que seu sobrenome lhe impõe.

Nos três primeiros meses de 2017, três casas foram invadidas na rua Engenheiro Alonso de Azevedo, na zona sul de São Paulo. Pelo cotidiano de insegurança que viviam, os vizinhos criaram um grupo no Whatsapp para se comunicarem quando notassem movimentações estranhas.

Sônia Maria Ferreira dos Santos, 39 anos, acordou com uma mensagem preocupante enviada pela vizinha da direita. “Acho que tem uma pessoa no meu quintal.” Sônia e o marido olharam por um gradil que separa uma propriedade da outra e viram um jovem deitado, imóvel, na casa ao lado. Andreas Albert von Richthofen, 29 anos, não se identificou quando foi abordado pelos policiais que chegaram para resolver o caso.

Dizia frases desconexas, não foi violento, parecia assustado.

Às perguntas sobre quem era e o que fazia, respondeu: “Não queiram saber da minha vida.” Disse apenas que vivia na rua República do Iraque, a dois quilômetros dali, mas que sua casa era “zoada”.

O local a que se referia é uma mansão e, na data em que a reportagem foi ao local, parecia vazia. Fica perto do palco da maior tragédia da vida de Andreas von Richthofen.

Numa casa próxima, a de sua infância, os pais Manfred e Marísia foram mortos pelos irmãos Daniel e Cristian Cravinhos, em 2002, com a ajuda de sua irmã, Suzane.

SEM VISITA NO HOSPITAL

Andreas havia desaparecido da atenção pública. Só foi reconhecido como o irmão de Suzane no Hospital Municipal do Campo Limpo, para o qual foi levado. Quando foi encontrado, estava com a roupa rasgada e tinha as pernas marcadas por escoriações e ferimentos. E carregava consigo uma caixa de joias dentro da qual havia uma medalha cunhada com o sobrenome von Richthofen.

No prontuário do hospital, o rapaz foi descrito como alguém com “higiene precária” e “os olhos vidrados”. Ele teria dito que faz uso esporádico de álcool e maconha, mas que não havia consumido nenhuma das substâncias recentemente. Às 21 horas do mesmo dia, o médico Miguel Abdalla, tio materno e tutor de Andreas até sua maioridade, foi à unidade para receber os pertences do sobrinho.

Mas o rapaz havia sido transferido para a clínica São João de Deus, especializada na recuperação de usuários de drogas e conveniada com o SUS. Andreas chegou de ambulância e sem acompanhantes.

Números de telefones de pessoas que seriam próximas foram acionados, mas ninguém atendeu. Andreas também não recebeu visitas nos primeiros dias na clínica.

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