4 de outubro de 20213 de outubro de 2021

Padre Júlio se solidariza com senador Contarato: ‘Você não está sozinho’

Conhecido por seu trabalho junto à população em situação de rua em São Paulo, o padre Júlio Lancellotti prestou solidariedade hoje ao senador Fabiano Contarato (Rede-ES) — vítima de um ataque homofóbico do empresário bolsonarista Otávio Fakhoury, que depôs nesta semana à CPI da Covid.

“Uma saudação especial e carinhosa ao senador Fabiano Contarato, amigo e irmão. Nossa saudação a você, que já veio aqui nos visitar na comunidade. Nós transmitimos a você a nossa oração, a nossa solidariedade, o nosso carinho a você e ao seu grupo familiar. Deus o abençoe. Força e coragem”, disse Lancellotti durante missa na Igreja São Miguel Arcanjo.

O ataque homofóbico de Fakhouryaconteceu em uma rede social, quando o empresário ironizou um erro gramatical de Contarato — primeiro senador no Brasil a tornar público o fato de ser gay — e afirmar, em tom jocoso, que o parlamentar teria sido cativado pelo “perfume” de alguém.

O caso foi levado à CPI no último dia 30 por Contarato, que posteriormente foi convidado pelo chefe da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), para se sentar provisoriamente na cadeira da presidência e usar o microfone. Lá, fez um desabafo emocionado e afirmou a Fakhoury que a família do empresário “não é melhor” do que a sua — Contarato tem marido e dois filhos.

O senhor não é um adolescente. É casado, tem filhos. Sua família não é melhor do que a minha. (…) A mesma certidão de casamento que o senhor tem, eu também tenho. E aí fala em ‘Deus acima de todos’? Deus está no meio de nós. O senhor não sabe a dor que eu sinto.

Ao fim do discurso, a cúpula da CPI pediu à Polícia do Senado a abertura de inquérito para investigar possível crime de homofobia.

Confrontado, Fakhoury pediu desculpas “a todos que se sentiram ofendidos”, afirmado que a publicação na rede social foi um comentário “infeliz” que “não teve a intenção de ofender”.

Depois de Contarato, o vice-presidente da CPI da Covid, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), também mostrou postagens do empresário com ataques homofóbicos a ele. Fakhoury escreveu, por exemplo, que Randolfe ficava “saltando sem parar”, com uma foto do senador. Também já se referiu a Randolfe como “gazela”.

“Não é meu lugar de fala. Você pode me atacar como quiser como senador, à vontade, é seu direito de opinião, expressão. Agora, como você começou esse depoimento pedindo respeito à família, deveria respeitar a família dos outros do mesmo jeito. Deveria aprender a respeitar os outros. Esse tipo de ataque aí não é ataque político”, declarou o senador